Com o descarte de 30 bilhões de toneladas de resíduo por ano, o lixo assumiu
o contorno de uma calamidade civilizatória. O Brasil aparece no rol de um dos
grandes geradores mundiais de lixo, aponta o consultor ambiental Maurício Waldman.
Em entrevista ao Instituto Humanitas Unisinos
- IHU, Waldman lembrou o geógrafo
francês Jean Gottman, que definiu o atual período de Era do Lixo. "Essa é a
primeira vez na história que os resíduos passaram a ocupar um nexo central nas
preocupações humana", diz Waldman.
A informação é publicada pela Agência Latino-Americana e Caribenha de
Comunicação (ALC), 20-12-2012.
Os três segmentos que mais
produzem descartes, responsáveis por cerca de 91% da geração do lixo do planeta,
são a pecuária, a mineração e a agricultura. Os rejeitos residenciais respondem
a apenas 2,5% do total, mas, segundo o consultor ambiental, é processualmente o
mais importante de todos.
"Isso porque tudo ou quase tudo que se produz
no mundo acaba descartado no saquinho que colocamos na calçada ou na lixeira do
prédio", explica. A professora Annie Leonard, da Universidade de Carnell, nos
EUA, destaca que para cada saquinho de lixo colocado na calçada existem outros
60 sacos de lixo descartados no processo de produção.
O problema deixa de
ser apenas econômico, mas é um assunto "pavimentado por injunções sociais,
políticas e culturais", assinala Waldman.
De 1991 a
2000, a população brasileira cresceu 15,6%, mas, no período, o descarte de lixo
aumentou 49%. Em 2009, o Brasil teve um crescimento populacional de 1% e a
produção de lixo, no mesmo tempo, aumentou 6%.
A metrópole de São
Paulo é o terceiro polo gerador de lixo entre as capitais mundiais,
perdendo apenas para Nova Iorque e Tóquio. No entanto, a pauliceia é a
11a ou 12a economia metropolitana do
planeta, o que significa que paulistas geram muito mais lixo do que seria
admissível.
Em termos de Brasil, o país abriga 3,06% da população mundial
e gera 3,5% do Produto Interno Bruto global, mas gera, segundo estimativas, 5,5%
do total mundial dos resíduos sólidos urbanos.
Como é impossível existir
uma sociedade sem resíduos, o problema do lixo pode, contudo, "ser mitigado com
o concurso de procedimentos inteligentes e práticas ambientalmente corretas",
aponta o consulto ambiental e professor universitário. Ele defende a adoção,
urgente, dos quatro "Rs" e nesta ordem: repensar, reduzir, reutilizar e
reciclar.
"Em tempo", alerta Waldman, "precisamos acima
de tudo repensar o conjunto da sociedade contemporânea".
Fonte: Instituto Humanitas Unisinos
Nenhum comentário:
Postar um comentário