O fato que alertou o Brasil para os perigos da radiação completa 21 anos este ano. O acidente de Goiânia, cuja exposição de 93 gramas de césio 137 acabou matando quatro pessoas em 1987 e outras dez no decorrer destas duas décadas, por complicações geradas pelo material radioativo, foi um divisor de águas. A segurança nos setores clínico-hospitalares e industriais foi reforçada e a preocupação com a saúde de usuários e trabalhadores intensificada. Em junho de 2008 é celebrado também os dez anos da entrada em vigor da Portaria 453, de junho de 1998, do Ministério da Saúde, que estabeleceu as diretrizes básicas de proteção radiológica em todo território nacional. Foram vitórias conquistadas por toda a sociedade, mas, apesar desses avanços, ainda persistem deficiências que podem comprometer à saúde e segurança dos trabalhadores e também dos usuários.
O gerente de Segurança, Saúde e Qualidade de Vida da CPFL Energia e professor da Universidade de Campinas (Unicamp), Luiz Carlos de Miranda Junior, atuou como supervisor de proteção radiológica na área de medidores nucleares durante 13 anos. Ele reforça que depois do acidente o controle ficou maior. “Desde 1987 não temos registros de grandes acidentes com fontes radioativas no país”, destaca. Miranda aponta, porém, que um dos entraves a serem superados ainda no Brasil é o duplo emprego dos trabalhadores que atuam diretamente com os aparelhos que emitem radiação. “Por questão econômica, o profissional pode se expor a níveis acima do permitido. Muita gente acaba trabalhando na informalidade e as empresas não executam os cuidados necessários para preservar a saúde deles”, expõe. O professor da Unicamp sustenta que não existem coletas de dosímetros, como rege a regulamentação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen). “Essas informações não chegam. Não que isso possa incorrer em acidentes, mas pode afetar a saúde dessas pessoas com efeitos tardios”, declara.
Fonte: Revista Proteção
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