Por: Fabiane Leite
Um dos dados mais preocupantes do suplemento de Saúde da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD) de 2008, divulgado hoje pelo IBGE, é o nível do uso do cinto de segurança: apenas 73,2% dos brasileiros que dirigem ou trafegam no banco da frente dos automóveis (95,2 milhões de pessoas) usam cinto de segurança. Pior: apenas 37,3% da população (50,9 milhões) que anda como passageiro no banco de trás de automóvel ou van usa sempre ou quase sempre o cinto.
Em países desenvolvidos, campanhas simples, nos últimos anos, explicam que usar o cinto na frente e levar atrás alguém sem o cinto pode não adiantar nada. A mais célebre é bem direta, lembra o vice-presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, José Montal: é como levar um elefante no banco de trás. Em uma batida, a velocidade pode fazer o peso do passageiro do banco traseiro ser equivalente a um elefante de 3 toneladas e o arremessar sobre o motorista ou o carona com cinto, como mostra o anúncio acima.
“O uso do cinto de segurança no banco de trás é quase nulo, a ponto de as pessoas esconderem o cinto para não atrapalhar”, diz Montal. “É algo muito perigoso. O cinto é a vacina da segurança de trânsito”, continua o médico. “É um meio certo de preservar a vida e diminuir o sofrimento”.
Eu, usuária de táxi, já fui olhada com estranheza por alguns amigos taxistas quando cobrei o cinto traseiro. É habito em São Paulo a categoria esconder o equipamento dentro do banco. “O passageiro reclama que enrosca”, disse-me um deles um certo dia. Que tal uma campanha para a frota branca?
Montal recorda a história do cinto no Brasil: tudo começou em 94, com uma lei de Paulo Maluf (sim, foi “obra” dele!), então prefeito de São Paulo. Naquela ocasião, em que a associação acompanhou o processo, as autoridades avaliaram que fazer pressão também sobre o uso atrás poderia soar como exagero. Mesmo depois de virar regra com possibilidade de multa no Código de Trânsito Brasileiro, o cinto atrás é raridade na maior capital da América Latina.
Por fim, sem esquecer do cinto na frente: os índices neste caso também são muito preocupantes, avalia Montal. Em São Paulo, dados da Companhia de Engenharia de Tráfego vinham apontando que a adesão era de 90%. “Costumávamos dizer lá fora que temos índice de primeiro mundo, mas agora sabemos que no Brasil não é bem assim”, afirma o médico. Bem, basta entrar em qualquer van do transporte público paulistano para encontrar centenas de meninos e meninas cobradores em pé ou aboletados ao lado do motorista, trafegando sem qualquer segurança.
Segundo o Ibge, em 2008, 4,8 milhões tiveram envolvimento em acidente de trânsito e 52,9% deles eram condutores ou passageiros de automóvel ou van. Cerca de 30,7% dos envolvidos em acidente de trânsito deixaram de realizar suas atividades habituais por causa dos desastres.
Fonte: blogs.estadao.com.br
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