Um relatório do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, divulgado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), apontou alta frequência de agrotóxicos em frutas, legumes, verduras e grãos consumidos no País. Em 29% das 3.130 amostras de frutas, legumes, verduras e grãos analisadas pela agência em 2009, foi constatado algum tipo de irregularidade.
Em algumas das amostras, foram encontradas duas irregularidades: resíduos de agrotóxicos acima do permitido e ingredientes ativos não autorizados para aquela cultura. Os casos mais problemáticos foram os do pimentão (80% das amostras insatisfatórias), uva (56,4% das amostras insatisfatórias), pepino (54,8% das amostras insatisfatórias), e morango (50,8% das amostras insatisfatórias). A cultura que teve melhor resultado foi a da batata, com irregularidades em apenas 1,2% das amostras analisadas.
Segundo a pesquisa, 2,7% das amostras tinham resíduos de agrotóxicos acima dos permitidos. “Esses resíduos evidenciam a utilização de agrotóxicos em desacordo com as informações presentes no rótulo e bula do produto, ou seja, indicação do número de aplicações, quantidade de ingrediente ativo por hectare e intervalo de segurança”, disse o gerente de toxicologia da Anvisa, Luiz Cláudio Meirelles.
Substâncias proibidas
Além disso, 15 das 20 culturas analisadas apresentaram ingredientes ativos em processo de reavaliação toxicológica junto à Anvisa e que tiveram indicação de banimento do Brasil, devido aos efeitos negativos desses agrotóxicos para a saúde humana. Substâncias como endossulfan, acefato e metamidofós, proibidas na União Europeia e nos Estados Unidos, foram encontradas em cebolas, cenouras, pimentões, tomates, e alfaces.
“São ingredientes ativos com elevado grau de toxicidade aguda comprovada e que causam problemas neurológicos, reprodutivos, de desregulação hormonal e até câncer”¸disse o diretor da Anvisa, Dirceu Barbano. Segundo ele, há pressões do setor agrícola para manter esses três produtos no Brasil.
A agência colocou 14 ingredientes, entre eles os três proibidos em outros países, em reavaliação em 2008, mas uma série de decisões judiciais impediram, por quase um ano, segundo a Anvisa, que o procedimento fosse realizado. Até o momento, apenas a reavaliação da molécula cihexatina foi concluída. Pelo resultado, a substância deve ser retirada do mercado brasileiro até 2011.
Cuidados
Para reduzir o consumo de agrotóxico em alimentos, a população deve optar por produtos com origem identificada. Essa identificação aumenta o comprometimento dos produtores em relação à qualidade dos alimentos, com adoção de boas práticas agrícolas.
É importante, ainda, que o consumidor escolha alimentos da época ou produzidos por métodos de produção integrada (que a princípio recebem carga menor de agrotóxicos). Alimentos orgânicos também são uma boa opção, pois não utilizam produtos químicos para serem produzidos.
Os procedimentos de lavagem e retirada de cascas e folhas externas de verduras ajudam na redução dos resíduos de agrotóxicos presentes apenas nas superfícies dos alimentos. “Os supermercados também tem um papel fundamental nesse processo, no sentido de rastrear, identificar e só comprar produtos de fornecedores que efetivamente adotem boas práticas agrícolas na produção de alimentos”, afirmou o gerente da Anvisa.
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