Profissional deve enfrentar problemas com transparência; solução é saber administrar.
“Seja profissional!” É comum ouvir essa frase como dica para a maioria dos assuntos relacionados à carreira. Separar a vida pessoal da profissional é o mais adequado. Mas será que isso é possível quando algum parente fica doente? Para a psicóloga clínica Larissa Cizauskas, de São Paulo, é quase impossível a produtividade do profissional não ser afetada frente a um problema de doença familiar. “Se algo não vai bem em uma área da vida, isso contamina o cotidiano como um todo.”
Para enfrentar problemas como esse, o importante é ser o mais transparente possível. Não adianta fingir que nada está acontecendo, pois em algum momento isso vai aparecer. Além disso, segundo Larissa, é fundamental que os colegas de trabalho saibam respeitar a dor e sofrimento do outro.
Negociar alguns dias de folga, fazer uma jornada menor, compensar horas ou trabalhar de casa são algumas das formas que o profissional pode tentar acordar com a empresa. O gerente de projetos do Grupo Foco Rudney Pereira Junior destaca que as negociações nesses casos são possíveis, mas a pessoa deve ter consciência que, independentemente do seu problema, deve cumprir suas atividades.
“A pessoa deve respeitar seus sentimentos, se permitir ficar triste ou introspectiva, mas com bom senso”, afirma Larissa.
É também importante administrar o problema dentro da própria família, delegando responsabilidades. Dessa forma, Pereira Junior acredita que o profissional não ficará sobrecarregado e, como consequência, não prejudicará sua carreira.
Caio Julio Cesar, supervisor de atendimento da Classe A Atende – empresa de transporte e logística de Santos (SP) –, vive uma situação como essa. Sua mãe está com Alzheimer. “Ela ainda está na fase que acha que é distração. Está no início da doença e só admitiu tomar remédio como se fosse uma vitamina. Não entende como é sério.”
“Tento administrar os horários para conseguir atender às necessidades dela. Como ela não tem muitas emergências, cuido mais dos agendamentos com médico, bancos e coisas burocráticas.” Entretanto, segundo Cesar, é inevitável que esse problema acabe afetando seu desempenho. “Fico preocupado com seu estado, como ela está.”
Empresas
Empresas mais flexíveis costumam ajudar o profissional a ter um melhor desempenho no momento de uma crise familiar. “Se a companhia não deixa que ele saia quando precisa ou tire alguns dias de folga numa situação dessas, ele vai produzir muito menos. Isso também será ruim para a organização.”
Algumas empresas tendem a ignorar o problema, mas isso não significa que ele irá desaparecer. “Um chefe empático, um colega atencioso ou até um supervisor que observe o comportamento do seu funcionário sempre ajuda para que o profissional consiga separar e não deixar que sua vida pessoal afete tanto sua produtividade”, afirma Larissa.
Já Pereira Junior acredita que as organizações estão cada vez mais humanas nesse aspecto. “Mas, em contrapartida, é fundamental que as pessoas também tenham bom senso nesse momento, e saibam quando realmente precisam se ausentar.”
Cesar acredita que pelo fato de morar em Santos tem mais liberdade para entrar mais tarde no trabalho e almoçar todos os dias em casa. Além disso, muitas vezes consegue trabalhar de casa. “Na minha empresa, eles não falam nada. Então, acredito que não me prejudica ou eles apenas ignoram.”
Leis
Apesar de ser um problema vivido por muitos profissionais, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) determina que o empregado só poderá deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do salário em caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou outra pessoa que viva sob sua dependência econômica.
Rui Meier, advogado e sócio responsável pelo núcleo trabalhista do escritório Tostes e Associados Advogados, afirma que a questão das faltas por motivo de doenças na família depende muito da empresa, pois a lei não autoriza essa prática. “É negociado com a empresa. Algumas possuem regras de compensação de horas, o que permite o funcionário falte sem ser prejudicado.”
Fonte: Porta IG
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