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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Acidentes de trabalho crescem 30% em doze meses em Marília.

OS ACIDENTES de trabalho registrados em Marília cresceram 30,2% no ano de 2010, segundo informou o Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador).

De acordo com os dados, no ano passado foram registrados 2.003 casos entre acidentes leves e fatais. Em 2009, esse número foi bem menor, de 1.538.

Para a psicóloga do Cerest, Daniela Maia Veríssimo, o número atingido no ano passado ainda é baixo, se considerarmos as subnotificações existentes. “Ainda existem casos em que o trabalhador não comunica”, lamentou.

Segundo os dados, a faixa-etária que mais se registrou acidentes é entre os 20 e 24 anos. Essa idade representa 18,1%, equivalente a um total de 362 acidentes. “O número é maior porque essa é a idade produtiva, onde se registra um número maior de pessoas ingressando no mercado de trabalho”, disse a Técnica em Segurança do Trabalho, Emilene de Oliveira.

É o caso do metalúrgico Ricardo Colletta Amorim, de 22 anos, que sofreu um acidente de trabalho há pouco mais de um mês. Trabalhando há menos de seis meses numa empresa que monta equipamentos para colheita de café, ele perdeu metade do dedo indicador enquanto dava manutenção em um equipamento. “A máquina estava com a engrenagem frouxa e quando fui pegar uma porca a corrente acertou meu dedo”, explicou. Porém, Ricardo denuncia que além de não ter tido assistência durante o período, ele trabalhou esse tempo todo sem registro. “Foi difícil conseguir que a empresa pagasse pelo menos os remédios para o tratamento”, contou.

A psicóloga do Cerest explica que o trabalhador que não for registrado não tem direito à auxílio doença, caso precise, e nem a estabilidade de um ano depois de sofrer um acidente grave. “Por isso que devem denunciar e evitar trabalhar sem registro, ainda mais em áreas em que o risco de acidentes é grande, como em metalúrgicas ou indústrias”, disse Daniela.

Marília é conhecida pelo seu pólo industrial e por concentrar grandes indústrias alimentícias. O número de funcionários que elas empregam, talvez, explique a liderança no número de acidentes de trabalhos registrados entre todos os ramos de atividades. Em 2010, aconteceram 606 acidentes, ou 30% do total. Na sequência aparece a construção civil, com 221 acidentes.

Os acidentes registrados entre homens é três vezes maior em comparação às mulheres. Foram 1.480 contra 523 acidentes entre as mulheres.

A psicóloga do Cerest afirma que todos os casos podem e devem ser evitados. Ela cita como exemplo os trabalhadores que ficam horas sem descanso durante a jornada, a pressão pelo aumento da produção e carga intensa de produção. “São fatores que levam ao acidente de trabalho e que as empresas, na maioria das vezes, não prestam atenção. Entre os acidentes podemos citar as doenças ocupacionais como lesões por esforço repetitivo, depressão, entre outros. Tudo isso pode ser em decorrência do trabalho”, ressalta Daniela.
 
2011 já registra três mortes e 885 acidentes de trabalho.

Os dados são referentes de janeiro à maio de 2011. De acordo com a triagem feita pela unidade, do total, 635 foram registrados na própria empresa, 122 são doenças ocupacionais e 128 foram no trajeto entre o trabalho e a casa do funcionário.

Outro dado importante e, que a técnica em segurança do trabalho do Cerest destaca, é o número de mortes no município. “Somente este ano já foram registrados três casos fatais. É um número alto, se levarmos em conta que durante os 12 meses do ano passado, foram cinco”, explicou Emilene de Oliveira.

Se considerarmos a média de acidentes nos cinco primeiros meses, que foi de 177, este ano irá terminar com um número maior de notificações que 2010, quando a média por mês foi de 166 acidentes.

Segundo o Finat (Ficha de Notificação ao Acidentado no Trabalho), em 2010 foram registradas duas mortes por traumatismo craniano e três por politraumatismo.
Fonte: Correio Mariliense

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