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sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Os Aspectos Psicológicos na Segurança do Trabalho

Por: Célia Menezes (*)
Contam que na Carpintaria houve uma vez uma grande assembléia. Foi uma reunião das ferramentas para acertar suas diferenças.

O martelo exerceu a Presidência, mas os participantes lhe notificaram que teriam que renunciar. A Causa? Fazia demasiado barulho e, além do mais, passava todo o tempo golpeando. O Martelo aceitou sua culpa, mas pediu que também fosse expulso o parafuso, dizendo que ele dava muitas voltas para conseguir algo.

Diante do ataque, o parafuso concordou, mas por sua vez, pediu a expulsão da lixa. Dizia que ela era muito áspera no tratamento com os demais, entrando sempre em atritos. A lixa acatou, com a condição de que se expulsasse o metro, que sempre media os outros segundo a sua medida, como se fosse o único perfeito.

Nesse momento entrou o carpinteiro, juntou o material e iniciou seu trabalho. Utilizou o Martelo, a lixa, o metro e o parafuso. Finalmente, a rústica madeira se converteu num fino móvel. Quando a carpintaria ficou novamente só, a assembléia reativou a discussão. Foi então que o serrote tomou a palavra e disse:

"Senhores, ficou demonstrado que temos defeitos, mas o carpinteiro trabalha com nossas qualidades, com nossos pontos valiosos. assim, não pensemos em nossos pontos fracos, e concentremo-nos em nossos pontos fortes."
A assembléia entendeu que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era especial para limar e afinar asperezas, e o metro eram preciso e exato. Sentiram-se então como uma equipe, capaz de produzir móveis de qualidade. Sentiram a alegria pela oportunidade de trabalhar juntos...
Ocorre o mesmo com os seres humanos. Basta observar e comprovar. Quando uma pessoa busca defeitos em outras, torna-se negativa. Ao contrário, quando se busca com sinceridade o ponto forte dos outros, florescem as melhores conquistas humanas. É fácil encontrar defeitos. qualquer um pode fazê-lo. Mas encontrar qualidades, isto é para os sábios.
Fazendo uma analogia, isto é o dia-a-dia dos profissionais de Segurança do Trabalho, onde se deparam com as situações acima descritas e outras. A fim de melhor entender as diferenças dos humanos iremos fazer uma abordagem para melhor atuação no desenvolvimento das atividades destes profissionais, onde conhecer e entender pessoas é detectar o modo certo de agir e falar corretamente.

Uma definição de Psicologia, proposta por Davidoff (2001) é: "A ciência que se concentra no estudo do comportamento e nos processos mentais". No estudo do comportamento entram os considerados "normais"- comportamentos exibidos em conformidade com as demandas sociais e que levam a uma socialização dita satisfatória, e os patológicos - destoantes dos padrões comumente observados, como ocorre nos casos de esquizofrenia, nas neuroses obsessivas, nos estados de mania, de depressão etc.

O fato é que o individuo apresenta características únicas - as de personalidade que, em contato com outras pessoas nem sempre conservam sua estabilidade. Quando interagimos com outros, nos modificamos em função de suas demandas e de nossas defesas. Podemos nos intimidar ou nos exibir, podemos ser mediadores ou desarticuladores, enfim, somos interativos ou não, conforme percebemos os outros, o ambiente e a nós mesmos.

O estudo do comportamento é, no mínimo instigante, por causa das condições variáveis às quais está sempre submetido. Dessa maneira, não podemos nos ater unicamente aos padrões mais estáveis de conduta para o entendimento do homem. Levamos em consideração também, as condições mais recentes da vida às quais as pessoas estão submetidas, o que testa a validade a perspectiva tão bem representada por Carl Rogers, que define a personalidade humana como um resultado recente. Com isso a exigência da aprendizagem da psicologia para o profissional de segurança do trabalho, torna-se cada vez mais premente e de caráter resolutivo para sua tarefas no dia a dia.
Temos ainda as Ilustrações visuais, pois o número de informações contidas no ambiente é maior do que nossa capacidade de assimilá-los. O que registramos é geralmente, o que mais concentra nossa atenção que pode ser desde uma cor mais chamativa até algum objeto que seja nosso “sonho de consumo”. Por isso, atentar-se aos detalhes e não se distrair (“olhar nem sempre é enxergar”...), é de vital importância para esses profissionais, já que a percepção é um instrumento de enorme valor. Conforme nossa linguagem e aprendizagem vão se desenvolvendo, alteram o modo de percebermos as coisas. A linguagem modela nossa percepção, sendo importante frizar que, percepção e sensação são processos distintos- a percepção implica interpretação e a sensação não.

Ressaltamos ainda uma expressão quase sempre falada – “a primeira impressão” - Este é um fenômeno que compreende a formação de um juízo rápido a respeito da pessoa observada. Como as informações disponíveis acerca desta pessoa são poucas, muitas vezes limitando-se a aparência, não é raro nos enganarmos, gerando “barreiras” (pré-conceitos) ou “aceite integral” ( que mais tarde se transformam em decepção)...

Partindo dessas considerações e de outras que fazem parte de um processo de aprendizagem e reeducação de técnicas de percepção e observação, é viável e de estrema importância que os profissionais que atuam diretamente no segmento de prevenção de riscos ocupacionais possuam esses conhecimentos, interagindo com área de Recursos Humanos, desde o processo de recrutamento e seleção, até a integração dos novos colaboradores, mas principalmente aplicando novas técnicas e conhecimentos na prevenção de acidentes.
(*) Célia Menezes
Doutora em Psicologia, Administradora,
Consultora nas áreas de RH, Qualidade,
Treinamento e Gestão.

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