O combate à dengue depende da ação integrada e sistemática da comunidade e do Poder Público, mas a guerra contra o mosquito transmissor da doença (Aedes aegypti) vai contar também com sistema de informação tecnológica que permite detectar os focos em tempo real através de computador manual. A Prefeitura de Bauru decidiu contratar o sistema e espalhar 1.400 armadilhas pelos principais pontos de presença do transmissor para colher os dados e agir através dos agentes sanitários antes do final do ciclo dos vetores.
A medida foi anunciada pelo secretário Municipal de Saúde, Mário Ramos, durante a reunião de criação do comitê municipal de mobilização contra a dengue, realizada ontem à tarde no Teatro Municipal, com a presença de gestores de saúde, representantes de entidades e universidades. A Secretaria Estadual da Saúde foi representada pelo pesquisador científico Ricardo Ciaravollo. O comitê vai mobilizar a cidade para o combate aos focos do mosquito em empresas, indústrias e residências.
“O monitoramento do mosquito é eletrônico e repassado na hora para um computador manual ou um tipo de GPS. Vamos espalhar 1.400 armadilhas em pontos estratégicos da cidade, conforme os indicadores de maior presença que temos como no Parque Jaraguá, e receber os dados para agir. A armadilha funciona com ferormônio instalado em um recipiente de plástico que atrai a fêmea, transmissora da doença. Queremos instalar isso até dezembro”, conta Mário Ramos.
O sistema será contratado junto à uma empresa mineira que detém a patente, sem necessidade de licitação. O monitoramento eletrônico com o uso do equipamento batizado de mosquitrap foi desenvolvido pelo biólogo bauruense Álvaro Eduardo Eiras. “O sistema permite atrair as fêmeas, novo alvo principal com transmissora. Um técnico recolhe os dados em horas, no mesmo dia, envia para a central na hora pelo palmtop e em poucos minutos a base de informações gera o diagnóstico. A maior incidência das fêmeas em determinada região é levantada antes do ciclo do vetor de completar, o que facilita a ação de combate”, complementa o diretor da Divisão de Vigilância Sanitária da prefeitura, Flávio Tadeu Salvador.
O secretário adverte que o serviço vai ajudar, mas não resolver o combate à dengue. “É preciso ficar claro que a prefeitura não vai resolver nada com o monitoramento eletrônico, vai ampliar a ferramenta de combate. É impossível acabar com a dengue. Nós podemos minimizar e temos de atuar em conjunto para reduzir o risco, impedir o aumento dos focos e controlar. Mas o mosquito vive em sua maioria nas casas das pessoas, em vasos, atrás da geladeira, em locais com água parada nos quintais. Se a população não atuar, não ajudar, não tem caça ao mosquito que resolva”, advertiu Ramos.
Entenda o monitoramento
O monitoramento inteligente da dengue é um sistema que oferece de forma contínua, ao longo das 52 semanas epidemiológicas do ano, informações sobre a presença e a evolução da população do vetor Aedes aegypti na área urbana do município.
A informação ocorre em tempo real para os gestores públicos de saúde, o que permite acompanhamento contínuo das áreas de risco, ações preventivas de controle, orientação ao trabalho dos agentes de campo e detecção e captura do vetor (fêmea grávida do mosquito).
Através do sistema integrado de informações georreferenciadas é possível distribuir número reduzido de agentes de campo para a vistoria e coleta dos dados, que são processados em tempo real, semanalmente. A prefeitura quer um convênio com os agentes da Sucem do Estado para a coleta dos dados.
Os resultados permitem aos gestores de Saúde direcionarem as ações de controle e acompanhar os resultados obtidos através de mapas, gráficos e índices entomológicos detalhados de toda a área.
O sistema eletrônico tem vantagens sobre a atual pesquisa de larvas do mosquito, realizada pela prefeitura, cuja rotina consiste na vistoria das casas pelo agente na procura de possíveis criadouros. Este processo tem resultado demorado e de pouca sensibilidade quando os índices de infestação são baixos.
Além desses fatores, na pesquisa larvária as respostas aos dados chegam em cerca de 60 dias, contra o controle em tempo real e de sete dias de resposta no ciclo monitorado eletronicamente.
O sistema completo é composto da armardilhas plásticas com ferormônios, dispositivo portátil com software específico para a coleta das informação de captura das fêmeas do mosquito e software de geoprocessamento dos dados para as ações de saúde.
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