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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

EPIs - Uso inadequado ainda pode causar acidentes.

Um ranking não muito positivo coloca o Brasil como um dos primeiros na lista dos acidentes por intoxicação com agrotóxicos. Uma situação que deixou de ocorrer pelo desconhecimento dos equipamentos de proteção e hoje deve-se principalmente ao mau uso. Os dados sobre o problema não são muito recentes. Em 2008 foram registrados somente no Sul do país, 1.139 casos de intoxicação, segundo o Sistema Nacional de Informações Toxicofarmacológicas (Sinitox), órgão vinculado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Apesar dos números, a estimativa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é que para cada caso conhecido, 50 não tenham sido informados. Os agrotóxicos estão entre os mais importantes fatores de risco para a saúde da população, particularmente para a saúde dos trabalhadores expostos e para o meio ambiente.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), 3% dos trabalhadores expostos a agrotóxicos sofrem algum tipo de intoxicação. De acordo com o médico do trabalho da Coamo Agroindústrial Cooperativa, Carlos Eduardo Rosa Mildemberger, estes 3%, podem ser resultado da má utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI). “Quando é feito o receituário do veneno, o engenheiro agrônomo já faz as orientações sobre como devem ser utilizados os equipamentos. Ele dá orientação sobre o uso e também o destino das embalagens, ele ensina a lavar. Também orientamos como os agricultores devem fazer com os funcionários na sua propriedade”, diz.

De acordo com Adriano de Arruda Penteado, encarregado do setor de segurança do trabalho, é preciso avaliar o uso antes de determinar o equipamento certo. “No caso dos pulverizantes são riscos de ordem química. Como os venenos são pulverizados é passível de ingressar por diversas vias, dérmica, respiratória e olhos. Logo o equipamento tem de cobrir todas essas vias”, diz.

Cuidados

Para proteger o trabalhador é recomendado que seja utilizada uma roupa de algodão tratado. “Dessa forma ele se torna hidro-repelente, ou seja, a névoa bate na roupa e escorre, não entrando em contato com a pele”, diz Penteado. As mãos, segundo ele, são a parte que tem o maior risco de contato. “É preciso proteção suplementar, pois antes de fazer a pulverização ele faz o preparo da calda, então ele lidou com os venenos de forma concentrada”, explica. As luvas utilizadas são feitas de um composto especial de látex.

Outra parte que precisa de atenção são as vias respiratórias. “Desde o preparo da calda há a vaporização do produto e por se tratar de um agente químico é preciso um filtro com características químicas. Não posso dar simplesmente um filtro mecânico”, coloca.

Segundo ele, muita gente utiliza nas plantações máscaras que seriam meramente barreiras. “Não posso esquecer que existe vaporização e que a névoa que impregna na máscara pode ser inalada pelo indivíduo”, acrescenta. Para que a proteção seja efetiva é preciso uma máscara especial de silicone. “É um cartucho contendo carvão microporoso que entra em contato com o contaminante e o neutraliza.”

O encarregado ainda lembra que os olhos são uma porta de entrada para agentes químicos. “Para isso recomendamos a utilização de óculos de proteção que conferem um isolamento total dos olhos”, diz. Para finalizar na hora da aplicação, o agente precisa utilizar botas de borracha.

Perigos da utilização incorreta

Todos os equipamentos precisam ser utilizados de forma correta para evitar que danos. “Tudo isso tem detalhes de como utilizar, as calças tem de ser por fora da bota. É costume colocar as calças para dentro para não sujar a barra e aí, como o material é hidro-repelente, o veneno escorre todo para o pé”, afirma. Com os pés em imersão dentro da bota de borracha, a absorção é muito maior do que se não estivesse utilizando nada. “Esse é o perigo de não fazer certo”, lembra o médico do trabalho.

Segundo ele, após a aplicação também é preciso atenção. “Ele vai lá e aplica o veneno depois entrega para a mulher lavar. Ela faz todo o processo sem proteção e aí intoxica ela, os pintinhos, as galinhas. Acaba sendo mais perigoso, pois uma coisa que está controlada no campo é levada para dentro da casa dele e pode atingir uma comunidade inteira”, ressalta Mildemberger.

Na opinião dos responsáveis pela segurança do trabalhador da cooperativa, a chave do segredo é a prevenção, pois, se houver uso inadequado dos produtos, a contaminação pode se tornar grave problema de saúde pública.
Fonte: Tribuna do Interior

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