A rede de prefeitos de grandes cidades (C-40) negocia o estabelecimento de metas de redução de emissão de poluentes. O objetivo é apresentar compromissos em contraposição à indefinição dos chefes de Estado na Rio+20.
O documento, a ser apresentado nesta terça-feira (19) pelos prefeitos de Nova York, Michael Bloomberg, e do Rio, Eduardo Paes (PMDB), terá também prestação de contas de iniciativas já em andamento e de seus impactos na redução. Já há mais de 4.000 experiências listadas, mas as metas estão em discussão.
A definição exige adaptação do C-40, orientado inicialmente para dilemas de cidades em países desenvolvidos, o que o leva a priorizar questões como a eficiência energética de edifícios e a otimização nos transportes.
Criada em 2005 pelo então prefeito de Londres, Ken Livingstone, o C-40 reúne 58 megalópoles, que concentram mais de 300 milhões de pessoas. Entre elas estão Rio, Pequim e Johanesburgo.
Com a inclusão de cidades de países em desenvolvimento, saneamento básico e replantio de florestas urbanas entraram na agenda da rede.
Beira-mar – Motivos não faltam para que as cidades se mexam. Estima-se que as metrópoles sejam responsáveis por mais de dois terços das emissões.
Conforme o C-40, as grandes cidades respondem por 75% do gasto de energia do mundo. E 90% delas estão à beira-mar, vulneráveis à elevação do nível dos oceanos.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente e vice-prefeito do Rio, Carlos Alberto Muniz, a cidade vai propor que o documento inclua uma meta única de redução dos gases de efeito estufa.
Essa meta é de 12% com relação aos índices de 2005, a ser atingida até 2016 – algo que nem sequer faz parte das discussões da Rio+20.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, diz que o objetivo não é rivalizar com a conferência. “Não há disputa de tomada de decisão. Não adianta só os chefes de Estado decidirem, e os prefeitos, a iniciativa privada e a sociedade, não.”
Mudanças climáticas – De acordo com Sérgio Besserman, que comanda a Câmara Técnica de Desenvolvimento Sustentável do Rio, o acordo vai prever também medidas de adaptação às mudanças climáticas.
“Como a discussão se concentrou no Hemisfério Norte, temas das cidades dos emergentes ficaram em segundo plano”, disse Besserman.
Na opinião da socióloga indiana Payal Banerjee, da Universidade de Smith-Massachusetts, pesquisas nessas áreas não são preocupações dos centros urbanos dos desenvolvidos, e falta analisar o impacto das mudanças climáticas na vida dos mais pobres. “Há um tratamento tecnicista, que enfatiza a ciência ecológica e ambiental. É muito importante. Mas assuntos que interessam às pessoas mais pobres não ganham atenção, como o saneamento.”
A diretora do programa Cidades Globais do C-40, Johanna Partin, disse que as cidades do sul estão criando hoje suas próprias soluções próprias, que muitas vezes são exportadas para as cidades do norte. Ela deu como exemplo os corredores de ônibus articulados de Curitiba.
Fonte: Folha.com
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