Um conhecido cético sobre as causas humanas das mudanças climáticas, o cientista norte-americano Richard Muller mudou de postura e afirmou nesta segunda-feira (30) que agora acredita que os gases causadores de efeito estufa são responsáveis pelo aquecimento global.
“Não esperava isto, mas como cientista, acho que é meu dever permitir que a evidência mude minha opinião”, declarou Muller, professor de física na Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos EUA, em um comunicado.
Muller integra uma equipe de cientistas em Berkeley que estuda como as mudanças de temperatura podem estar ligadas com a atividade humana ou com fenômenos naturais, como a atividade solar e vulcânica.
A temperatura média da superfície terrestre aumentou 1,5 ºC nos últimos 250 anos, e “a explicação mais simples deste aquecimento são as emissões humanas de gases de efeito estufa”, disse a equipe em um relatório publicado na internet nesta segunda.
O estudo vai um século antes do que uma pesquisa previamente realizada e assume uma postura ainda mais forte do que o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), que em 2007 informou que “a maior parte” do aquecimento dos últimos 50 anos pode ser atribuído à atividade humana. Uma maior atividade solar antes de 1956 poderia ter contribuído em parte para o aquecimento da Terra, afirma também o IPCC.
A análise da equipe da Universidade da Califórnia afirma que “a contribuição da atividade solar ao aquecimento global é insignificante”. Sua conclusão não se baseia em modelos climáticos, que segundo os cientistas podem conter erros. A pesquisa se baseia “simplesmente na concordância entre a forma observada em que subiu a temperatura e o aumento de gases de efeito estufa conhecidos”.
A pesquisa vai levar em conta a temperatura dos oceanos, não incluída no informe recente, destacou o grupo de especialistas.
Em um artigo no jornal New York Times, Muller se definiu como “um cético convertido” e explicou como passou de um cientista que questionava a “própria existência do aquecimento global” a um que apóia a maioria da comunidade científica e acredita que o aquecimento atmosférico é “real”.
“Agora vou um passo além: os seres humanos são quase totalmente a causa”, acrescentou. A equipe da Universidade da Califórnia inclui o prêmio Nobel Saul Perlmutter e a climatologista Judith Curry, do Instituto de Tecnologia da Geórgia, também nos EUA.
Fonte: Globo Natureza
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