O governo brasileiro gasta 28 bilhões de reais a cada ano, para atender e internar os motociclistas e demais acidentados no trânsito, enquanto a compra de submarinos e todo o mega-acordo militar fechado com a França custará bem menos, 22,5 bilhões de reais. A informação é do Ministério da Saúde. A Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – SBOT fará, nessa semana, uma campanha em 23 Estados brasileiros, para tentar reduzir o número de acidentes com motocicletas.
“A cada 90 segundos morre uma pessoa no mundo, vítima de acidente com motocicleta. No Brasil são 18 mortes por dia”, afirma o diretor das Campanhas Comunitárias da SBOT, Sergio Franco. “O que há que lamentar não são apenas as mortes”, diz ele, mas o número crescente de jovens que ficam paralíticos, que perdem capacidade de trabalho devido a traumatismo craniano, que têm membros amputados e tornam-se incapazes de sustentar uma família e precisam ser amparados às vezes por mais de quarenta anos, pois deixam de ter condições de prover a seu sustento.
A campanha será desencadeada simultaneamente em cidades como Florianópolis, Salvador, Teresina, Fortaleza, Boa Vista, Porto Velho, Palmas, Campo Grande, Cuiabá, Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo, Goiânia (segunda cidade com maior número de motocicletas, após São Paulo), Curitiba, Recife e Belo Horizonte. Em todas elas serão distribuídas cartilhas com o lema da campanha, “Motociclista Prudente Evita Acidente”, e dicas de prevenção, preparadas em conjunto com o Ministério da Saúde, Conselho Federal de Medicina, Academia Nacional de Medicina e Rotary Club do Brasil, que apóiam a campanha.
Com mototaxi será pior
O ortopedista explica o aumento dos acidentes com motocicletas como decorrência de uma conjunção de fatores. “Com a multiplicação de fábricas no território nacional e facilidades de financiamento, a moto passou a ser um meio de transporte rápido e barato para milhões de brasileiros que ainda não podem comprar um carro”, diz ele, e considera justa a opção.
O problema é que essa massa de novos motociclistas tem pouca experiência, abusa da velocidade e das ultrapassagens perigosas, é pouco identificado pelo motorista de carro e isso faz com que a frota de motos, muito menor que a dos automóveis, cause 57,8% dos acidentes, conforme informações da Organização Mundial de Saúde e do SUS, em 2009. “E a situação está cada dia pior”, diz o especialista, e nem o governo ajuda, pois ao autorizar, sem regulamentação, o funcionamento dos mototáxis, aumenta o risco, que já é alto.
“É preciso que os motociclistas sejam vistos e utilizem capacetes e coletes com refletores, que sejam criadas pistas seletivas para motos e uma série de outras medidas que minimizem os acidentes”, defende Sérgio Franco. Para ele, teria que haver maior treinamento dos candidatos a dirigir moto, muito mais fiscalização e restrições que só permitam a alguém trabalhar como motoboy, por exemplo, após dois ou três anos de experiência como motoqueiro, com treinamento intenso para pilotagem e pilotagem defensiva.
“Sem isso, as motos continuarão a ser quase seis vezes mais perigosas que os automóveis, o que resulta em estatísticas como as que mostram que 57% das internações hospitalares por acidentes de trânsito é de motociclistas, responsáveis não apenas pela própria morte, mas por parte dos 28% de mortes por atropelamento, que afetam os pedestres”.
A perda de vidas e a sequelas causadas pelas motocicletas são tão grandes, que embora concentre a campanha na semana em que se comemora o “Dia do Ortopedista”, 19 de setembro, a SBOT pretende tornar a campanha permanente. “Esse será apenas o ponta pé inicial de uma grande ação”, conclui.
Fonte: DOC Press
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