De acordo com estudo veiculado na Revista de Psiquiatria Clínica, músicos de orquestra podem desenvolver baixa qualidade de sono e, por consequência, sofrer dificuldades nas tarefas diárias, no trabalho e nas relações pessoais. O trabalho é da autoria de Érico Felden Pereira, pesquisador do Laboratório de Cronobiologia Humana da Universidade Federal do Paraná, e colegas.
Um questionário foi distribuído a 22 músicos de uma orquestra da região Sul do Brasil. Os participantes forneceram informações como idade, sexo, horário de dormir e acordar na maioria dos dias da semana e qualidade do sono - variável investigada por meio do Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI), o qual, por sua vez, possui 10 questões que avaliam a qualidade subjetiva do sono, latência do sono, duração do sono, eficiência habitual do sono, distúrbios do sono e outros. A qualidade de vida também foi investigada através do questionário WHOQOL-bref.
Entre os resultados do estudo, os especialistas revelam que "baixa qualidade do sono foi identificada em 71% dos estudados. As dimensões mais associadas à qualidade de sono foram: capacidade para desempenhar as atividades do dia-a-dia (p = 0,003) e do trabalho (p = 0,004), dor e desconforto (p = 0,006), satisfação com as relações pessoais (p = 0,007) e capacidade de aproveitar a vida (p = 0,008)", sendo que os aspectos físicos se mostraram os principais para determinar a qualidade do sono em 34% dos pacientes, conforme explicam os autores.
Érico e colegas declaram que "a frequência de baixa qualidade do sono observada neste estudo foi alta quando comparada a outras categorias profissionais, como enfermeiros e motoristas. As variáveis relacionadas ao domínio físico da qualidade de vida apresentaram maior poder explicativo da variação dos escores da avaliação da qualidade do sono e devem ser priorizadas em medidas interventivas". Eles acrescentam que "baixos índices de qualidade do sono mostraram associação com baixa capacidade para desempenhar as atividades do trabalho. A percepção de dor e desconforto também apresentou forte associação com a qualidade do sono, confirmando ser esse um aspecto ergonômico importante da profissão de músicos. Estudos mais abrangentes e de intervenção com sono, qualidade de vida e saúde dos músicos ainda são necessários".
Fonte: Notisa
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