Mesmo com índices de crescimento da economia em base mais modesta, continua o chamado apagão de talentos, que decorre mais de problemas estruturais.
O ano não foi tão bom quanto em 2010, mas não dá para reclamar, mesmo com a brusca freada do PIB no terceiro trimestre. Pairam incertezas sobre 2012, diante da crise dos Estados Unidos e dos países da zona do euro, mas não há propriamente um clima de pessimismo generalizado. A palavra de ordem nas empresas é cautela.
O mercado de recrutamento de executivos se comportou como outros setores da economia, com grande aquecimento em 2010, quando o País cresceu 7,5%, e uma fase de acomodação em 2011, que deverá se repetir no próximo ano. Algumas empresas protelam novos investimentos e, portanto, tendem reduzir ou adiar também novas contratações. Por conta disso, procurarão ser certeiras no momento da contratação de um executivo, recorrendo a empresas especializadas em recrutamento.
Na verdade, mesmo com índices de crescimento da economia em base mais modesta, continua o chamado apagão de talentos, que decorre mais de problemas estruturais. A formação de profissionais não acompanha a velocidade do ritmo de produção no Brasil.
Os setores que ainda devem demandar mais executivos são os de construção civil e de engenharia em geral, uma vez que o País faz grandes investimentos para melhorar a infraestrutura, impulsionados pela Copa do Mundo em 2014 e pelas Olimpíadas em 2016.
Mas outros setores, especialmente os de tecnologia da informação e de petróleo e gás, também têm grande carência de talentos, proporcional aos investimentos que estão sendo feitos. O agronegócio, cujo desempenho impediu um PIB negativo no terceiro trimestre, continuará a demandar profissionais para áreas que não estão dentro das fazendas, mas além das porteiras, como logística, comércio exterior, meteorologia, biotecnologia e serviços financeiros. Para cada posto criado na produção, dois são abertos em serviços.
Em 2011 passaram a dar sinais de que vão demandar mais executivos as áreas de educação e saúde, que estão investindo na profissionalização, passando por processos de fusão e aquisição e despertando a cobiça de fundos de investimento, tanto brasileiros como internacionais. Profissionais especializados em sustentabilidade ou que querem trabalhar na área também um amplo mercado pela frente.
Por conta da falta de profissionais bem preparados, houve um aumento de salários e benefícios, impulsionado tanto pela batalha para capturar um talento no mercado quanto para retê-lo. Outro ponto que favoreceu o profissional brasileiro foi o aumento da importância do Brasil para as multinacionais. O País virou o principal mercado consumidor para algumas delas e muitas transferiram a sede de suas operações na América Latina para cá. Assim, os diretores daqui ganham poder e isso se reflete nos salários, mais altos que em outros países.
Em 2012 essa situação deve se estabilizar, pois as remunerações atingiram um patamar muito elevado e se subirem mais podem ficar em desacordo com o mercado.
Na verdade, ninguém espera maravilhas, mas pode ser um bom ano.
* Marcelo Mariaca - é presidente do conselho de sócios da Mariaca e professor da Brazilian Business School.
Fonte: Portal Administradores
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