Ser chefe nos dias atuais não deve ser fácil. É preciso trabalhar mais que os outros, chegar antes, sair depois, ralar muito, trabalhar nos fins de semana. Será? Talvez. Acho que, em tese, todo mundo deveria saber o que fazer sem precisar seguir exemplo nenhum. Explico: sempre fui meio self-driven, meio tipo de pessoa “me-dê-o-trabalho-e-deixe-comigo”. Eu me gerencio e gosto de exercer o empowerment e ownership, ter autoridade para fazer as coisas e, ao assumir a responsabilidade de um problema, resolver, ir até o fim.
Mas para poder resolver um problema é preciso ter as credenciais e liberdade para isso. Simples assim. Empresas que delegam poder a seus funcionários são muito ágeis e eficientes em seu dia a dia, porque se um funcionário puder resolver uma situação sem ter que recorrer a vários níveis de hierarquia esse é um diferencial importante e que beneficia todo o processo – leia-se clientes, fornecedores, outros departamentos, enfim a cadeia produtiva anda mais rápido. É uma vantagem estratégica frente à concorrência.
Mas nem tudo são flores. Ou ao funcionário é dada a autoridade e ele não usa, por insegurança, medo de errar, omissão, seja lá o que for, ou ele é ousado, pode fazer mais, quer agitar, percebe que a empresa poderia ser mais proativa, mas esta possui uma gestão centralizadora, a gerência quer ser copiada nos e-mails – em todos – quer estar a par de cada ação que acontece na empresa, microgerenciamento mesmo e lá se vai a boa vontade de alguém que quer fazer a diferença, mas não consegue.
São situações complicadas porque minam a produtividade e afetam a motivação de qualquer colaborador. Às vezes um excelente técnico ou supervisor quando promovido a gerente – tendo que interagir com uma equipe e gerenciar pessoas – pode se frustrar, por não ter os skills necessários. Conheço profissionais que preferiram voltar ao “status” anterior porque era mais fácil trabalhar no esquema “Eu Sozinho S/A”, sem precisar gerenciar relatórios. Não está errado, é só um perfil diferente.
Ser chefe é difícil mesmo, principalmente em tempos de home-office, wi-fi, blackberry, equipes virtuais, cloud computing e outras conveniências criadas pela tecnologia, porque com tudo isso ninguém precisa fisicamente seguir ninguém. Assim, o papel do líder mudou. Hoje, faz mais sentido “seguir” seus projetos, suas metas corporativas e pessoais do que seguir um líder que não seja muito carismático e inspirador, que age mais como um gerente, preso a normas e procedimentos.
De toda forma, o modelo de liderar pelo (bom) exemplo pode ser uma boa tática, mas qualquer empresa espera que seus colaboradores sejam capazes de se virar sozinhos. Para estes, uma supervisão mínima já garante bons resultados. Com empresas preocupadas com custos, terceirizando atividades, gerenciando recursos cada vez mais e melhor, não poderia ser diferente. E se cada um fizer o seu trabalho tudo vai dar certo, porque, como dizem, o todo é sempre maior do que a soma das partes!
Fonte: Portal O Gerente
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