Concentrar esforços em determinado projeto, e revestir-se de comprometimento, dedicação e simplicidade: isso trará, inevitavelmente, a alegria tão necessária para uma vida saudável, tanto profissional, quanto pessoal.
“Somente quando conseguimos honrar os compromissos na empresa, e também com nossa família, é que podemos nos considerar verdadeiramente felizes. Imaginar em alcançar êxito, separadamente, faltando uma dessas partes, seria como ter uma felicidade superficial, ou passageira”, afirma Mirian Zacareli, diretora de Recursos Humanos de um grupo norte-americano de empresas de produtos químicos, NCH, na qual atua há mais de 30 anos.
Quando fala em simplicidade, a executiva refere-se à importância de perceber os detalhes fundamentais do cotidiano, dos quais, infelizmente, poucos se dão conta. “Adquirir o hábito de sorrir pode proporcionar um ambiente agradável no trabalho. Mas a pressão sobre os executivos é tanta, que eles só se concentram em cumprir prazos e metas. Além do que, nunca estão felizes com o que ganham no final do mês. A essa característica chamamos de ambição, fator que vem contribuindo para o aumento de estresse, ano após ano”.
Mirian explica que é preciso, sim, almejar o crescimento profissional, crescer e prosperar, mas na dose certa. “A ambição sadia, aquela que não o deixa ganancioso, funciona como uma grande motivação. Se você perguntar às pessoas quanto elas gostariam de ganhar para se sentirem felizes, provavelmente, todas responderão algo entre 40% a 60% a mais do que suas receitas atuais. Quanto mais elevado é o salário, a competição se torna maior. E esse tipo de comportamento, de sempre querer melhorar a sua satisfação financeira, pode levar a um colapso nervoso”, alerta a especialista em gestão de pessoas.
Todos querem ter uma história de sucesso e, à busca desse “sonho”, dedicam mais de 15 horas por dia. Contudo, acabam não aproveitando o fruto desse trabalho. As conquistas com a nova posição e o aumento de salário impulsionam-nos a só querer mais e mais.
“O viciado em trabalho, ou “workahoolic” como é chamado, perde amigos e ganha a distância da família. O pior é que sem perceber, podem também perder o “feeling” deixando passar oportunidades importantes pela cegueira ocasionada pelo “estresse” das muitas horas de trabalho e dedicação, tornando-se pouco criativos e com habilidades minimizadas", diz ela.
"Talvez a solução esteja em um quadro de capital humano mais horizontalizado, no qual as tarefas sejam distribuídas com maior coerência, aliviando a tensão. Felicidade e bem-estar são geradores de produtividade”, lembra a diretora de RH.
O fato do indivíduo atuar em um meio ambiente onde as relações são superficiais, e o estresse é alto, contribui para tornar o trabalho incompreensível e abrir dúvidas sobre quanto é o bastante produzir em nome de uma carreira promissora e do reconhecimento.
“Em seu livro sobre inteligência social, Daniel Goleman cita um estudo realizado com cem homens e mulheres que usaram dispositivos que mediam a pressão arterial sempre que interagiam com outras pessoas. Quando estavam com a família e os amigos, a pressão arterial caía. Eram interações agradáveis e tranqüilizantes. Quando se deparavam com alguém problemático, a pressão se elevava", conta.
"O ideal seria evitar esse tipo de convivência, mas na prática isso não é tão fácil, principalmente se a relação for entre chefes e subordinados que sentem um misto de hostilidade, medo e insegurança recíprocos. Os insultos, que podem ser comuns quando vindos de gerentes autoritários, servem para reafirmar o poder e, ao mesmo tempo, fazer com que os funcionários se tornem impotentes e vulneráveis. Essas interações explosivas e, ao mesmo tempo, imprevisíveis, exigem esforços maiores e vigilância”.
Mirian reforça que não existe uma receita, mas sim segredos, que cada um tem que descobrir por conta própria, para aprender a ter flexibilidade, saber explorar oportunidades e lidar com novas tecnologias.
“É necessário reorganizar atividades do dia-a-dia que tomam muito tempo, reconhecer que é fundamental manter os estudos, especializando-nos, tudo isso sem esquecer que somos gente e convivemos com gente. Buscar o equilíbrio emocional, nos momentos mais difíceis, manter a calma, ter paciência quando o outro está alterado, segurar o impulso, ter tempo para atender todos os compromissos, são atitudes que contribuem para que nos sintamos felizes”.
Saber ouvir, segundo a diretora, também “é fundamental”. Encontrar pontos positivos em situações adversas é atitude nobre e para os sábios. E também acreditar nos sonhos, ser ousado, entusiasta, persistente, corajoso, inovador, permitindo-se o direito de errar se estiver explorando um campo desconhecido em busca de aperfeiçoamento.
“Atualize-se, encante seu cliente com a excelência de seus serviços, organize-se e ajude as pessoas para que elas sempre tenham esperança. Inclua sua família na sua agenda. Viva o presente. E faça as coisas com paixão”, recomenda.
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