A economia no consumo de energia elétrica é o único fator considerado na hora da troca das lâmpadas incandescentes tradicionais pelas fluorescentes compactas. Em tempos de racionamento, a redução média de 70% no kilowatt consumido fez desse produto o atual objeto de desejo de todos os consumidores brasileiros.
Economia e durabilidade são as características determinantes para dar vantagem às fluorescentes nesse embate com as incandescentes.
Entretanto, aspectos menos comentados, mas não menos importantes, como poluição ambiental e a distorção na forma da corrente elétrica, colocam em cheque a superioridade dessas lâmpadas.
A presença de mercúrio nas lâmpadas fluorescentes não é novidade para muitos. Estando intacta, a lâmpada não oferece perigo algum ao homem ou ao meio ambiente. Quando quebradas, elas liberam vapor de mercúrio que inalado pode se depositar no organismo. A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a legislação nacional estimam em 33 microgramas de mercúrio por grama de creatinina urinária o limite de tolerância biológica para o ser humano.
Todavia, a inalação não é a única forma de contaminação pelo vapor de mercúrio. Uma vez liberado, vai se depositando no solo, rios, lençóis freáticos, terminando por alcançar a cadeia alimentar, tendo como depósito final os seres humanos. O descarte sistemático dessas lâmpadas em aterros, sem a descontaminação e sem cuidados de armazenamento, eleva para níveis preocupantes a quantidade desse elemento químico no meio ambiente.
Em 2000, das cerca de 40 milhões de lâmpadas fluorescentes comercializadas no país, apenas 2 milhões, predominantemente as tubulares, foram recicladas. Com o incentivo ao consumo das lâmpadas fluorescentes compactas, já isentas pelo governo do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS), essa situação tende a se agravar. Observando o fato, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) está criando um grupo de trabalho para regular o descarte das lâmpadas.
A descontaminação é a melhor alternativa para essas lâmpadas usadas. No Brasil, apenas a empresa Apliquim, localizada em Paulínia (SP), detêm a tecnologia necessária para extrair o mercúrio. É um das poucas empresas do mundo que recuperam completamente o mercúrio. Após separado, o metal é vendido para uso industrial. "Não vendemos para garimpeiros, normalmente quem compra o mercúrio são as próprias empresas que fabricam as lâmpadas ou empresas de termômetros", garante Cyro Eyer do Valle, sócio-presidente da Apliquim.Segundo Cyro, grande parte das instituições que descontaminam voluntariamente as lâmpadas fluorescentes usadas buscam obter o certificado ISO 14000, condição exigida por alguns mercados consumidores para a entrada de produtos estrangeiros. Esse selo verde é uma garantia de que a entidade utiliza métodos industriais que não agridem o meio ambiente. Entre os clientes da Apliquim destacam-se as grandes indústrias, alguns hospitais, universidades e órgãos governamentais, como a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo (Cetesb), e até mesmo escolas e igrejas.Para o cidadão comum que não tem como encaminhar suas lâmpadas para a descontaminação, Cyro sugere que se guarde a embalagem original para acondicioná-las após o uso. "Essa atitude diminui a possibilidade da lâmpada se quebrar até ser depositada em algum lugar", explica ele. Da mesma forma que há normas para o recolhimento de baterias de celular e pilhas usadas, Cyro acredita que o Conama deverá instituir regras para o descarte de lâmpadas fluorescentes compactas.
Fonte: Agência Brasil - ABr
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