Você está no trânsito no centro da cidade quando escuta a sirene e vê uma ambulância na corrida contra o relógio para salvar mais uma vida. O que você faz? Abre caminho ou permanece inerte? Por incrível que pareça, a maioria dos motoristas de Bauru ainda não está disposto ou não sabe como cooperar com a polícia, o Corpo de Bombeiros e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). E o que poucos sabem é que bloquear a passagem de viaturas em situação de emergência constitui-se em infração gravíssima, conforme prevê o artigo 189 do Código Nacional de Trânsito (CNT). Se autuados, eles podem ser multados a partir de R$ 190,00 e acumular 7 pontos na carteira.
Ambulâncias, carros de polícia e de bombeiros com sirenes ligadas têm prioridade nas vias, informa o sargento da Polícia Militar Sílvio Carlos Rossi. Ele ensina que, em uma emergência, os demais carros devem esvaziar a pista, mesmo que seja preciso avançar a faixa de pedestres ou o sinal vermelho. “É claro que isso deve ser feito com muita cautela, sempre observando o trânsito de pedestres e os outros carros. Senão, você ajuda a salvar uma vida, mas acaba comprometendo outra”, observa.
Embora não haja muitos registros de acidentes envolvendo viaturas, Rossi destaca que as pessoas devem ter tranqüilidade na hora de encontrar um espaço para encostar o veículo, mesmo que o momento demande uma rápida tomada de decisão. “Nem sempre é fácil achar um lugar para parar. Não se deve cometer absurdos, como subir em cima da calçada, por exemplo. Não precisa disso”, pondera.
Consultados pela reportagem, os profissionais que trabalham diariamente salvando vidas afirmam enfrentar muitas dificuldades a caminho das ocorrências em função do trânsito cada vez mais caótico, aliado à falta de conscientização da população.
Vias principais
A dificuldade costuma ficar mais evidente nos eixos principais no centro da cidade e nos horários de pico, como o almoço e final da tarde, quando grande parte dos cerca de 130 mil automóveis de Bauru estão nas ruas. Mesmo com a descentralização promovida pelo Corpo de Bombeiros, que possui três bases operacionais espalhadas pelos bairros da cidade, a falta de colaboração da pessoas prejudica o trabalho da corporação.
Como experiência, o Samu realizou o mesmo trajeto (do Jardim Colonial até o Núcleo Mary Dota) duas vezes: uma com pista livre e outra em horário de ‘rush’. A diferença gritante de 13 minutos entre um percurso e outro expôs o quão crítico o crescimento da frota de veículos e a falta de cooperação dos motoristas se tornou para o salvamento de vítimas.
Segundo o médico José Eduardo Passos, coordenador do Samu, esse tempo perdido é preciosíssimo e pode significar a diferença entre a vida e a morte do paciente. “Em caso de paradas cardiorrespiratórias, acima de cinco minutos, cada segundo transcorrido começa a comprometer a sobrevida do paciente. Quando conseguimos salvá-lo, ele pode ficar com seqüelas para a vida toda”, ressalta.
Por isso, ele orienta os motoristas a estarem sempre atentos, principalmente nas avenidas Duque de Caxias, Rodrigues Alves e Nações Unidas, artérias mais utilizadas pelas viaturas por permitir o fluxo em maior velocidade. Por dia, o Samu sai às ruas entre 40 e 50 vezes, em média.
“Sempre que a sirene está ligada, a viatura está levando ou buscando um paciente em estado grave. Mas é preciso educação, respeito e conhecimento da população para que a gente consiga reduzir o tempo de socorro às vítimas”, finaliza.
À direita
Na maioria das vezes, segundo o tenente Cláudio Ribeiro da Silva, do Corpo de Bombeiros de Bauru, os condutores não fazem nenhum esforço para abrir caminho para viaturas em emergência. Outros nem se dão conta do que está ocorrendo, porque estão com os vidros do carro fechados e com o volume do som alto. “Há também quem fique nervoso e não saiba o que fazer no momento”, complementa.
Ele explica que o ideal é que todos os motoristas encostem à direita da via, deixando a passagem livre à esquerda. “Isso evita que ambulância tenha de ficar fazendo ziguezague pela pista. Isso não pode acontecer, mas infelizmente ainda acontece, por falta de informação”, observa.
Fonte: JC Net
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