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quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A difícil tarefa de reintegrar-se após acidente de trabalho

Era uma manhã do ano de 1998. O metalúrgico Evanilson Vieira de Souza estava na primeira semana de trabalho de uma pequena empresa de Osasco/SP. Ele havia deixado seu emprego anterior, em uma metalúrgica maior, a Mecano Fabril, para trabalhar perto de casa. Ele não poderia imaginar que essa mudança traria consigo um acontecimento trágico: um acidente de trabalho que resultou na perda do seu braço direito. Na época, pai de duas crianças - uma menina, de três anos, e um menino, de cinco, teve que contar com o apoio da família e de amigos para dar a volta por cima e se reabilitar. “Quando me acidentei, minha esposa teve que sair para trabalhar. Os amigos nos deram muita força. O pessoal da Mecano ia à minha casa me visitar. Agora tudo está ótimo. Gosto do que faço e sou uma pessoa normal. Ainda é estranho olhar para o espelho e não ver um braço, mas posso fazer tudo como qualquer outro”, avalia o metalúrgico. Ele voltou a trabalhar na Mecano Fabril em 2000, onde opera um torno automático.
Todo esse processo vitorioso não foi fácil. O acidente ocorreu logo no início da jornada de trabalho. Evanilson operava um torno mecânico e precisava fazer a limpeza de uma peça. Quando foi lixá-la por dentro, o material prendeu e seu braço foi torcido.
Ele foi levado para dois hospitais em Osasco, depois encaminhado para o Hospital das Clínicas em São Paulo, que acabou o mandando de volta para o primeiro hospital. Às 17h foi operado e teve que amputar o braço direito. No próprio hospital, deram a ele uma carta para levar ao CRP (Centro de Reabilitação Profissional) de São Paulo. Por um ano freqüentou o Centro, lá tiraram molde para a prótese de um braço e o ensinaram a manuseá-lo.
Nada que se relacionasse ao trabalho. “Aprendi a amarrar meu tênis, a descascar laranja, coisas do dia-a-dia”, relembra. Também passava no psicólogo. Não chegou a fazer nenhum curso de qualificação profissional. Depois de dois anos afastado pelo INSS por acidente de trabalho, recebeu alta. Do médico perito, ouviu que já estava pronto para retornar ao trabalho, que para se aposentar precisaria ter perdido os dois braços. Também não teve acompanhamento do INSS nesse retorno.
Evanilson não queria se aposentar, só queria trabalhar. Uma vez, quando ouviu sobre essa possibilidade, respondeu que ainda era novo para isso. “Eu ficava em casa sem fazer nada. Eu queria trabalhar. Queria ajudar minha família e colocar dinheiro dentro de casa”, relembra. Ele voltou ao trabalho, mas não trabalhou. “Não fazia nada lá. Ficava o dia todo sentado na porta e só. Me sentia muito mal, como um inútil, sem fazer nada”, lamenta. Com a ajuda do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, que o orientava, processou a empresa na qual se acidentou e fez um acordo. Voltou a trabalhar na Mecano Fabril. “Quando cheguei na Mecano passei a fazer anotações dos gráficos das máquinas. Aprendi a escrever com a mão esquerda. Depois, comecei a ajudar um colega que cuidava de cinco máquinas até que voltei a operá-las. Foi muito bom, porque eu já gostava de trabalhar com máquinas”, afirma. Na empresa, exerce suas funções, participa de treinamentos e de cursos no Senai.
Sobre o papel do INSS na sua reabilitação profissional avalia: “Não ajudaram”. Até hoje há dificuldades em relação à prótese do braço. Quando um dos ganchos quebrou, preferiu pagar o conserto a recorrer ao INSS, o que demoraria meses. Recentemente, fez o pedido de uma nova prótese na Agência da Previdência Social em Osasco. Já não existem os CRPs (Centros de Reabilitação Profissional). Se por um lado há a facilidade de fazer o pedido em sua cidade, por outro há demora na resposta. O médico perito fez o pedido e deu prazo de até um ano para receber a nova prótese. “Isso é ruim porque só tenho essa prótese para trabalhar. Se quebrar, não posso fazer nada”, lamenta Evanilson.
Fonte: Revista Proteção

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