Mais da metade (54,7%) dos trabalhadores da construção civil do Estado de São Paulo tem resultado positivo em exames parasitológicos. Desses profissionais, 50,4% apresentam protozoários, e 11,3%, helmintos (vermes).
Os números constam do "Manual de Segurança e Saúde no Trabalho: Indústria da Construção Civil - Edificações", que foi lançado na segunda-feira, 1º de dezembro, na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Além de doenças relacionadas à higiene e ao contato com água contaminada, há também problemas auditivos entre os 2.428 trabalhadores que responderam à pesquisa em 41 canteiros de obras da Grande São Paulo, da Baixada Santista e do Vale do Paraíba.
Cerca de um terço (33,4%) apresenta perda auditiva relacionada ao trabalho. Um quinto (24,3%) sofre com irritação a sons intensos e 11,5% têm dor de ouvido.
Dores
O carpinteiro Geraldo Alves Teixeira, 54, está entre os 75% de sua categoria que apresentam dores lombares.
Para Augusto Dourado, um dos organizadores da pesquisa, os carpinteiros são os mais "prejudicados". Além de nas costas, 83,3% desses profissionais afirmam sentir dores nos braços e nas pernas.Para Haruo Ishikawa, um dos vice-presidentes do Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), os exames parasitológicos positivos estão mais associados à higiene dos trabalhadores do que às condições do canteiro de obras.
"Os médicos têm orientado em relação ao banho e às necessidades fisiológicas -lavar as mãos, por exemplo", afirma.
Sumiu Egawa, médico do Sintraconsp (Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo), confirma que algumas doenças estão associadas ao lugar de origem e à moradia dos trabalhadores, mas ressalta que o contato com a água nos canteiros também é uma causa importante.
O Superintendente do Ministério do Trabalho e Emprego, Antônio Pereira afirma que os números são "graves" e estão associados "também à falta de planejamento das empresas".
Dados
33,4% têm perda de audição devido ao trabalho; carpinteiros (29,7%) e pedreiros (24%) são os mais afetados;
24,3% mostram-se irritados com sons intensos, 11,5% relatam dores de ouvido e 43,2% perda de equilíbrio;
54,7% apresentam parasitas, sendo que 17% possuem dois, e 6,3%, três ou mais; 1,4% tem esquistossomose;
43,4% precisam de correção médica para aliviar dores tão logo possível, e 25,5%, imediatamente;
50% nunca ou raramente percebem situações perigosas durante as fases de fundação e de acabamento;
38,6% percebem a periculosidade sempre ou com freqüência na fase de estrutura e alvenaria da obra.
Fonte: Folha de S. Paulo
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