O mecânico automotivo é um profissional exposto a diversos riscos no trabalho. Entre eles estão os riscos ergonômicos, os quais se mostram acentuados no aspecto físico, mais precisamente na questão postural, quando induzido a trabalhar com as mãos acima do ombro, com as costas flexionadas ou torcidas. São diversas as posturas que esses profissionais adotam para exercer sua profissão, podendo causar-lhes fadiga, dores ou até mesmo afastamento do trabalho por doença ocupacional.
As atividades que esse trabalhador pode realizar no seu ambiente laboral são várias. Entre elas encontra-se a troca de peças do sistema de escapamento, sendo semelhante às demais em relação aos riscos posturais que apresenta.
Com o intuito de avaliar as posturas adotadas pelo mecânico automotivo na troca de escapamentos, é necessário identificar as tarefas e ações, bem como o ambiente laboral desse profissional, aplicando o método de análise postural OWAS (Ovako Working Posture Analyzing System), de modo a identificar possíveis transtornos ou desvios posturais ao longo da atividade.
O trabalhador analisado está inserido em um setor classificado pela CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) como de Comércio e Reparação de Peças para Veículos. Esse setor possui em sua maioria enquadramento de risco 2, em uma escala que varia de 1 a 4. A maioria desses empreendimentos estão enquadrados como Micro e Pequenas Empresas.
São escassos os estudos e pesquisas direcionadas às MPEs (Micro e Pequenas Empresas), principalmente no setor de reparação automotiva. Entre os motivos está o número reduzido de empregados por estabelecimento, o que faz com que não haja necessidade de constituição de um SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho) e de uma CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes). Isso ocorre principalmente pela falta de uma política de SST (Saúde e Segurança do Trabalho) para as MPEs que tratem da questão com a devida importância.
As Micro e Pequenas Empresas constituem cerca de 98% dos estabelecimentos no Brasil e empregam mais de 50% dos empregados registrados. Na verdade, o elevado número de estabelecimentos enquadrados como MPE é um fator preponderante para a ineficiência da fiscalização ou mesmo a falta dela.
As Micro e Pequenas Empresas precisam ser abordadas de uma forma totalmente diferente da atual legislação que praticamente direciona os esforços para as grandes e médias empresas.
Nesse sentido, Sesi (Serviço Social da Indústria), Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho) têm unido esforços para levar a SST para as MPEs, por meio de estudos, publicações, modelos de gestão específicos e, mais recentemente, por intermédio de uma proposta de política nacional de SST para as MPEs.
O comércio ainda carece de trabalhos e pesquisas na área de Saúde e Segurança do Trabalho. O enfoque nesse setor é de extrema importância por constituir cerca de 45% dos estabelecimentos do País, empregando por volta de 14% dos trabalhadores formais.
Dimensão
As Micro e Pequenas Empresas são definidas, na maioria das vezes, pela receita bruta anual ou pelo número de empregados. As definições variam de acordo com o intuito da caracterização. Por vezes, o objetivo é meramente estatístico, em outras, para definição do enquadramento tributário da empresa.
A lei protege igualmente qualquer trabalhador e, ao contrário do que se imagina, as MPEs carecem de um maior cuidado quanto à Saúde e Segurança do Trabalho por diversos fatores como o espaço de trabalho reduzido, a falta de conhecimento quanto à prevenção de riscos laborais, os recursos diminuídos devido à alta tributação incidente, a utilização de mão de obra nem sempre especializada, entre outros. Ou seja, as Micro e Pequenas Empresas merecem, no momento atual, uma maior atenção por parte das autoridades quanto à segurança e saúde nos ambientes de trabalho.
Fonte: Revista Proteção
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