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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Diretrizes incentivam qualidade nas compressões torácicas.

No dia 24 de outubro, durante partida de futebol pelo Campeonato Espanhol, o atleta Mi­guel García sofreu uma parada cardíaca testemunhada por colegas, pelo público no estádio e por câmeras que ajudaram a divulgar a imagem de seu colapso súbi­to para o mundo. Em menos de um mi­nuto, García foi atendido por médicos e ressuscitado, sobretudo, pelas compressões torácicas e desfibrilação precoce.

O episódio ocorreu poucos dias após a publicação das novas diretrizes de RCP (ressuscitação cardiopulmonar), que en­fatizam a importância de ações como a­quelas adotadas no socorro ao atleta es­panhol. Difundidas mundialmente, as orientações guiam a atuação de socorris­tas leigos e profissionais em casos de PCR (parada cardiorrespiratória).

Em linhas gerais, o socorro deve seguir a Cadeia de Sobrevivência e seus cin­co elos. O quinto e úl­timo elo, que ressalta o atendimento hos­pitalar, é uma das novidades do novo con­senso, divulgado pelo ILCOR (Aliança Internacional dos Comitês de Res­suscitação) e ratificado em 18 de outubro por diretrizes de entidades como AHA (American Heart Association) e ERC (Conselho Europeu de Ressus­ci­tação).

As novas orientações coincidem com as comemorações pelos 50 anos de RCP no mundo. Na comparação com o consenso de 2005, as mudanças são sucintas, mas fundamentais para aumentar o número de vidas salvas. O principal anúncio foi o de alteração na sequência ABC (que corresponde à ve­rificação das vias aéreas, ventilação e compressão torácica), amplamente difundida, até então, nos cursos de Su­por­te Básico de Vida. As ações continuam as mesmas, mas a sua ordem foi alterada para CAB. Assim, o primeiro contato com a vítima de uma PCR será com com­pressões, que devem ser fortes e rá­pidas, minimizando interrupções e permitindo o retorno total do tórax.

Conforme a AHA, a mudança ocorreu porque a maioria das vítimas de PCR fora do hospital não recebe nenhuma manobra de RCP. Um obstáculo para a ação pode ser a sequência ABC, que inicia com os procedimentos que os socor­ristas acham mais difíceis.

Também as compressões torácicas são re­tardadas na ABC, o que traz importan­tes implicações, já que a maioria das PCRs em adultos possuem ritmo inicial de FV (Fibrilação Ventricular) ou TV (Taquicardia Ventricular) sem pulso - quadros que se beneficiam de compressões e desfibrilação precoce. Com isso, o protocolo de "ver, ouvir e sentir" foi subs­tituído pela identificação de sinais de respiração inadequada ou ausente. Pro­fissionais de saúde devem checar o pul­so por, no máximo, 10 segundos.

Segundo o doutor em Cardiologia Ser­gio Timerman, membro do ILCOR e da AHA e diretor do LTSEC-INCOR (La­boratório de Treinamento e Simulação em Emergência Cardiovascular do Ins­tituto do Coração), a simplificação das ações aumenta as chances do retorno à circulação espontânea e, portanto, de sobreviventes. Com o novo consenso, afirma Ti­merman, a expectativa é de salvar, anualmente, mais 100 mil pessoas na Europa e outras 70 mil nos Estados Unidos. No Brasil, proporcionalmente, o aumento no número de sobreviventes poderia chegar a 50 mil por ano.

A RCP Só-compressões começou a ser divulgada em março de 2008, com a pu­blicação de parecer consultivo da AHA. Para Randal Fonseca, diretor da RTI (Rescue Training International) e ins­trutor do NSC (National Safety Coun­cil), é uma forma alternativa de o leigo iniciar o atendimento a vítimas de PCR testemunhada, enquanto aguarda a chegada de ajuda especializada.

O consenso de 2010 contempla também a possibilidade de profissionais de atendimento a emergências presentes na cena não terem meios ou não saberem a­plicar as insuflações. Conforme Randal, tal perspectiva refere-se aos profissionais que não tripulam ambulâncias, como comissários de bordo, ­instrutores de atividades esportivas, guias de turismo e outros atores que, embora tenham responsabilidade implícita de atender vítimas, podem não estar treinados ou equipados para aplicar insuflações.

"É importante reiterar que, para os pro­fissionais da saúde e de resgate, as no­vas diretrizes da AHA dão ênfase à im­portância de eles participarem de programas de treinamento para aprimorarem as técnicas e aplicarem a RCP completa. Para isso, a AHA recomenda que se­jam intensificados os treinamentos pa­ra que sejam melhoradas continuamente a proficiência e habilidade de todos os profissionais que participam, em dife­rentes níveis, da corrente das chances de sobrevivência cardíaca", adverte.

A relação compressão/ventilação permanece em 30:2 (são 30 compressões em 18 segundos, seguidas por duas ventilações de um segundo cada uma). A RCP convencional, com a sequência ABC, ainda deve ser usada para atender ví­timas de afogamento e outras causas de asfixia. Em crianças, segundo a AHA, apenas cerca de 5% a 15% das PCRs são atribuíveis a FV.
Fonte: Revista Emergência

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