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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Desmotivado no trabalho? Transforme-se em um Capitão 1000.

Por: Dr. Luiz Roberto Fava *

Escrevo este texto no final da Semana da Pátria, onde duas notícias, em um espaço de dez dias, embora desconexas, me chamaram muito a atenção.

A primeira, publicada no caderno de Empregos do jornal O Estado de São Paulo, de 28 de setembro de 2011, afirmava em sua matéria principal que a falta de motivação no trabalho atingiu 31% dos trabalhadores.

A pesquisa que mostrou esta marca foi realizada pela consultoria Hay Group e envolveu 261 mil trabalhadores de 85 empresas dos mais variados segmentos. A pesquisa realizada em 2010, envolvendo 154 mil funcionários de 41 empresas, mostrou que este percentual foi de 33%. No mundo, esta porcentagem é de 28%.

Tais profissionais, segundo a pesquisa, são denominados de “inefetivos”, definidos pela professora Lilian Graziano como “aqueles que vão à empresa e fazem apenas o suficiente para continuar empregados. Não pensam, não inovam.”

Para mais, de acordo com o estudo e a reportagem citada, “são apontados como trabalhadores que entregam menos do que podem, não se sentem engajados com a empresa e acham que não dispõem do suporte necessário para desenvolver suas atividades. São profissionais que costumam permanecer na empresa porque acham o salário adequado e gostam dos colegas.”

Para o especialista em desenvolvimento humano Eduardo Shinyashiki, estes profissionais sofrem de uma “aposentadoria mental”, isto é, mesmo desempenhando suas funções e trabalhando forte, não procuram seu desenvolvimento, seu crescimento e também não investem em si mesmos buscando melhor qualificação.

A desmotivação é o prenúncio da acomodação, segundo alguns especialistas, e suas causas podem ser várias. Algumas delas são:

◦ passar o dia reclamando de tudo e de todos;

◦ sentir-se incapaz frente a novos desafios;

◦ ter consciência de seus pontos fracos e não fazer nada para reverter este quadro;

◦ falta de entusiasmo;

◦ falta de sinergia entre seus princípios e valores e aqueles preconizados pela empresa;

◦ infra-estrutura inadequada levando à perda da qualidade de vida;

◦ a empresa é pequena para que o profissional demonstre todo o seu potencial, ou seja, o colaborador é subaproveitado;

◦ falta de valorização e reconhecimento;

◦ política de competição interna mal gerida;

◦ baixo salário;

◦ falta de política clara sobre progressão de carreira e crescimento profissional;

◦ burocracia e/ou excesso de regras que podem prejudicar o desempenho do colaborador;

◦ nível de exigência de tarefas, onde tudo “é para ontem”;

◦ tarefas repetitivas e ausência de novos projetos;

◦ estratégias indefinidas, onde tudo é feito “de acordo com a maré” ou “ao sabor do vento”;

◦ mudanças contínuas;

◦ retenção de informações;

◦ falta de transparência, confiança, respeito e ética;

◦ gestores que, por medo, “escondem” seus colaboradores para evitar que alcancem destaque aos olhos dos superiores;

◦ controle excessivo;

◦ relacionamento ruim com o chefe ou superior hierárquico;

◦ ambientes, duros, rígidos e tensos, sem qualquer tipo de flexibilidade.

Estas são algumas das causas que podem levar o colaborador a se desmotivar. Outras tantas poderiam ser agregadas a esta lista e que também poderiam contribuir para aquele alto índice de desmotivação.

Particularmente não gosto da palavra motivação. Prefiro automotivação.

Acredito piamente que motivação é algo interior e inerente a cada Ser Humano. É ele que se automotiva. A empresa oferece várias ferramentas e condições para que o colaborador se sinta motivado e engajado. Mas caberá a ele, e somente a ele, sentir-se fazendo parte da mesma.

Pessoas automotivadas são pessoas felizes. E felicidade é algo individual. O mesmo acontecimento pode me fazer feliz e, ao mesmo tempo, deixar outra pessoa infeliz.

Dias atrás recebi um e-mail que abordava exatamente este tema. Era sobre um programa de entrevistas para casais. Ao entrevistar um deles, a apresentadora perguntou à esposa:

- Seu marido a faz feliz?

O marido se empertigou na cadeira, fez um olhar superior esperando uma resposta positiva, quando ela disse:

-Não, ele não me faz feliz. Quem me faz feliz sou eu.

Outro exemplo vem de uma frase que também recebi por e-mail: nunca ponha a tua felicidade nas mãos de outras pessoas, pois você poderá ficar sem ela.

Estes dois exemplos, para mim, são bastante significativos e mostram que a motivação e a felicidade estão dentro de cada Ser Humano. O ambiente, o entorno, é que nos fornecem as condições para sermos felizes e automotivados.

A segunda notícia, publicada em toda a imprensa esportiva, diz respeito a Rogério Ceni, goleiro do São Paulo Futebol Clube, que completou 1000 jogos em 7 de setembro de 2011.

Somente três jogadores conquistaram esta marca, além do goleiro: Pelé e Roberto Dinamite, já aposentados.

Diante destes recordes, cabe a pergunta: o que estas empresas (clubes) fizeram para que estes colaboradores (jogadores) conquistassem estas marcas? Que medidas foram tomadas por seus gestores para que estes jogadores se mantivessem automotivados e felizes por tanto tempo?

Especificamente, o que a empresa (São Paulo Futebol Clube) proporcionou ao goleiro-artilheiro para que ele afirmasse neste dia histórico da sua carreira: “o São Paulo é a minha vida”?

Acredito que as respostas podem ser várias e as razões bem diferentes. Mas, independentemente delas, foi a sua automotivação e sua felicidade que fizeram com que este goleiro esteja no clube até hoje.

Este exemplo mostra, de forma inconteste que se pode, sim, nos dias de hoje, desenvolver uma carreira em uma única empresa, como muitos veteranos e baby boomers. Bem diferente da realidade, onde muitos colaboradores das gerações X e Y que ficam mudando de emprego quando a eles são oferecidos alguns mimos a mais.

Se você é feliz, automotivado e trabalha em uma empresa que lhe fornece as condições para que isso se mantenha constante e em alta, não existirão razões para você ficar como um macaco, pulando de galho em galho.

Ah! Quase me esqueci. Capitão 1000 não é nome de super-herói. Foi a maneira que encontrei para dar um apelido ao Rogério Ceni. Capitão por ser o capitão do time e 1000 por ter jogado igual número de partidas em um único time.

E se ele pode ser um “super herói”, automotivado e feliz, você também poderá sê-lo. Só vai depender de você mesmo.
* Dr. Luiz Roberto Fava
Diretor da Fava Consulting

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