A vacância no nível mais alto da hierarquia quase sempre gera turbulências, mas não é o fim do mundo.
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No caso da Igreja Católica, a renúncia do papa é bem mais que simplesmente a demissão do líder maior (algo que, mesmo em outras instituições, já não é tão simples). Para se ter uma ideia, a última vez em que houve uma renúncia ao cargo foi no século XV. A decisão tem impactos administrativos, mas também repercute sobre a fé dos seguidores do catolicismo e, consequentemente, a influência da Igreja no mundo.
No mundo corporativo um pedido de demissão desse tipo ou mesmo a vacância do cargo por morte também é um choque. Quando as coisas vão mal, a demissão pode até acabar sendo vista como uma solução sensata. Em muitos casos, porém, a saída do CEO, presidente ou o equivalente ao posto do papa é sinal de turbulência.
Um dos exemplos mais emblemáticos desse tipo de situação se deu em 2011, quando Steve Jobs, co-fundador e então CEO da Apple, morreu. Além do vácuo criativo e executivo que sua figura deixou, surgiu a desconfiança por parte do mercado quanto à capacidade de seu sucessor, Tim Cook, de conduzir a companhia com o mesmo sucesso.
Em 2008, a Starbucks também passou por uma transição de liderança. Nesse caso, no entanto, ninguém morreu e os motivos foram administrativos. O então diretor-executivo Jim Donald havia conseguido expandir a companhia no mundo, passando de 9 mil para 15 mil lojas, distribuídas em 43 países. Mas, por mais bonitos que os números soassem, as coisas começaram a ir mal. Diante de uma responsabilidade cada vez maior, o líder não conseguiu manter a competitividade da empresa. A solução: abdicar do cargo. Em seu lugar, assumiu o fundador da rede, Howard Schultz, que a recolocou nos trilhos.
No caso da Igreja Católica, só o tempo dirá quais serão seus rumos. O próximo papa terá grandes desafios e um deles será conviver com a sombra de um predecessor vivo, algo que – no caso da instituição religiosa – tem um peso muito grande. Adequar a “visão” da “companhia” aos novos tempos será outro desafio difícil, mas que será decisivo para a sobrevivência e manutenção de sua influência no mundo.
Existiria Igreja sem papa?
Em diferentes períodos da História, o papel do líder já foi questionado, seja nas instituições religiosas, na política ou no mercado. Na era do “faça você mesmo” digital, em que a tecnologia abre múltiplas possibilidades para quem deseja empreender, a liderança tem sido, novamente, posta em xeque, embora haja quem discorde disso.
“Só o diabo é mais antigo que a liderança. Mesmo assim, muitos acreditam que ele foi um anjo caído porque não soube liderar no seu nível de poder. As coisas também funcionam sem líderes, mas funcionam mal e não mais têm condições de competir na nova sociedade do conhecimento, no mundo da tecnologia e da alta competitividade. O líder é fundamental porque a sua matéria prima é gerar comprometimento. Como o comprometimento só ocorre quando existe a construção de uma legítima visão compartilhada, onde objetivos comuns norteiam os comportamentos (tanto dos indivíduos quanto da organização), faço coro aos que afirmam que os líderes são fundamentais em todos os segmentos da sociedade e não somente nas empresas”, defende Antônio Celso Mendes Webber, autor do livro “O líder em xeque”.
Fonte: www.administradores.com
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