Com o baixo investimento em impactos, questões como saúde do trabalhador e consequências ao meio ambiente preocupam especialistas. Os efeitos da manipulação e uso de nanopartículas são desconhecidos a curto, médio e longo prazo. Para a pesquisadora da Fundacentro, Arline Arcuri, o baixo investimento em impactos é visto de modo preocupante. "Me preocupa bastante o estímulo preferencial para o desenvolvimento de novos materiais e produtos e quase nada de estudos que visem conhecer os impactos à saúde humana, ao meio ambiente e inclusive as transformações que poderão ocorrer e até já estão ocorrendo".
Os profissionais são expostos a nanotecnologia nos laboratórios. "De maneira geral, o comprometimento com a segurança nos laboratórios é muito baixa", diz o coordenador do Renanosoma, Paulo Martins. "Até nas universidades, onde a segurança deveria ser mais enfatizada, não há preocupação com a segurança de bolsistas e laboratoristas".
No Brasil, a Fundacentro, órgão vinculado ao Ministério do Trabalho, produz cartilhas sobre nanotecnologia e capacita trabalhadores e profissionais da área da segurança e saúde do trabalho. Os materiais estão disponíveis no site da instituição (www.fundacentro.gov.br) e são utilizados por entidades sindicais para a área de saúde do trabalhador.
"A ação principal é voltada a capacitação dos trabalhadores para que possam entender o que são estas novas tecnologias e conhecer as suas possíveis consequências no mundo do trabalho, nas relações trabalhistas, na sua saúde e segurança", explica Arline Arcuri. A diretora de saúde do trabalhador e meio ambiente do Sindicato dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf), Mirane Costa, diz que ainda faltam informações sobre a nanotecnologia. "Numa área tão crescente como esta, cabe aos dirigentes sindicais ficarem atentos e participarem do debate sobre nanotecnologia", diz Mirane.
De acordo com o pesquisador Luciano Paulino da Silva, as normas de segurança na Embrapa correspondem às normas internacionais. "Todos os procedimentos adotados atualmente estão em consonância com aqueles que vêm sendo empregados por outras instituições nacionais e internacionais e atendendo às regulamentações vigentes", explica.
Em São Paulo, trabalhadores do setor farmacêutico conseguiram que cláusulas sobre o assunto fossem aprovadas em convenção coletiva da categoria. "O trabalhador que trabalha com a nanotecnologia está sujeito a muitas irregularidades. Não se sabe dos riscos de inalação ou contato das nanopartículas com a pele", diz Martins.
No Brasil, assim como em outros países, não existem leis específicas para proteção do trabalhador exposto à nanotecnologia. Já foram realizadas algumas recomendações no National Institute for Occupational Safety and Health (Niosh), nos EUA, e na International Organization for Standardization (ISO). "No Brasil, infelizmente, nem as leis antigas voltadas à segurança e saúde dos trabalhadores são respeitadas como deveriam. O que se dirá das recomendações voltadas à nanotecnologia", explica Arline Arcuri.
Em 2012, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que iria traçar diretrizes para a segurança dos trabalhadores que lidam com nanopartículas em todo o mundo. As orientações irão abranger elementos de gestão, avaliação de riscos e recomendações para proteção dos trabalhadores do setor de nanotecnologia em todo o mundo.
Fonte: Brasil de Fato
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