Por toda parte vemos muitas pessoas falando sobre os mais diversos assuntos e do outro lado uma grande quantidade de expectadores tentando ao menos entender um pouco sobre aquilo.
Esta cena me parece ser um bom retrato das relações entre boa parte das empresas que prestam serviços e os responsáveis de algumas empresas.
Estas mesmas coisas também levam a este grande descrédito que vemos em boa parte do “chão de fabricas” – onde as pessoas volta e meia são chamadas a contribuirem com novos processos mas raramente entendem ao menos para que serve aquilo.
Boa parte disso nasce e sobrevive da imensa distancia entre conhecimento e prática, o vão que há entre os que detem conhecimento e aqueles que executam. Isso custa muito dinheiro e geralmente dá poucos resultados além de gerar aborrecimentos e conflitos e desvio de força de trabalho.
A grande verdade e que aquilo que teria como finalidade otimizar e racionalizar quando mal aplicado só aumenta o volume de trabalho e os problemas. Por detrás de algumas destas propostas de trabalho encontramos algo que nos faz lembrar da idéia da água em pó – grande solução que para ser usada e se obter um copo de água basta que seja diluído o conteúdo do saquinho em um copo de água. O pacote é maravilhoso, a idéia de modernidade fascina mas o resultado em si....deixa um pouco a desejar.
Durante décadas acompanhamos experiência neste sentido e com este perfil em muitos lugares. A chegada do “novo” parecia cegar algumas pessoas e muito disso acabou dando mais trabalho do que resultados.
Na área de Segurança e Medicina do Trabalho isso não é diferente.
No entanto, o resultado pode ser bem mais problemático e incorrigível. Os resultados de tais aventuras ferem, mutilam e matam pessoas. O uso de uma boa e nova idéia para ser usada apenas como pano que vai cobrir velhos sistemas acaba não sendo mais do que uma capa nova para um mesmo velho livro. Gasta-se muito dinheiro para dar aparência quando na verdade apenas parte deste dinheiro e decisão gerencial poderiam dar resultados bem mais interessantes e porque não dizer – verdadeiros.
O Brasil é um pais conhecido pela sua criatividade. Os profissionais brasileiros são visto em todo mundo como pessoas capazes de enfrentar amplos desafios e transformar realidades. E não poderia ser diferente já que ao longo de toda nossa história aprendemos a trabalhar a partir de cenários bastante complexos que tem como pano de fundo uma serie de dificuldades que raramente são encontrados em outros paises. A instabilidade de quase tudo que temos por aqui fez com que aprendêssemos a trabalhar sempre corrigindo rotas e adequando os sistemas. Pouca gente se dá conta disso e menos ainda são aqueles que tem noção do quanto isso vale.
Somos capazes por isso e outros fatores mais de encontrarmos nossas próprias soluções e o que nos falta as vezes e coragem de saber dizer não a aquilo que todo modismo indica como tendência. Obvio que podemos e devemos aprender com tudo que nos e proposto mas sem duvida não podemos deixar de lado a capacidade de interpretar o que temos a nossa frente levando em conta a nossa realidade.
Quando falamos em Segurança e Saúde no Trabalho não podemos pensar em qualquer coisa que não leve em conta a cultura e condição social de nosso povo. Imaginar que o trabalhador brasileiro tenha as mesmas reações e ações de um trabalhador europeu é um erro primário, até porque os cenários são amplamente distintos. Assim também é um grande equivoco supor que modelos prontos ou copiados de gestão terão sucesso por aqui. Podem até ter efeito de marketing e nada mais do que isso.
Portanto, muitos dos problemas em relação ao assunto começam muito distantes dos locais onde os acidentes continuam acontecendo: Começam na verdade na falta de critérios que levem em conta sistemas capazes de serem absorvidos e praticados pelos executantes. Na verdade os grandes despreparados para a prevenção não só sofrem acidentes mas aqueles que desenham modelos de trabalho onde muitas condições que deveriam ser essenciais jamais são levadas em conta.
O assunto é complexo – porque esbarra nas cúpulas e estruturas e os resultados dos problemas acabam sendo engolidos nestes mesmos espaços. No entanto a legislação brasileira vem se tornando estreita nesta direção e em pouco tempo as organizações terão que decidir entre manter o quadro atual ou enfrenta-lo pois os custos da insegurança serão bastante significativos.
Na direção das ações regressivas o que hoje é pago pacificamente pela previdência retorna como custo para as empresas.
Com o a chegada do nexo epidemiológico em pouco tempo aqueles que não conseguirem evidenciar de fato prevenção verão suas contribuições dobrarem de valor – e tudo isso dentro de um mercado cada vez mais competitivo e globalizado.
Não bastasse isso, a sociedade brasileira começa a alcançar patamares de compreensão e organização para problemas relacionados a condição humana e isso começa a chegar ao entendimento de que o consumidor pode e deve optar pela compra de produtos de empresas que respeitem os mesmos valores; As grandes organizações ao mesmo tempo mostram-se exigentes com o assunto evitando associar seus nomes e marcas a empresas que gerem problemas e a justiça vem demonstrando firmeza nas suas decisões que levam a indenizações que também são pagas pelas organizações.
Agora e daqui em diante pensar em prevenção já não á mais uma questão de tratar o assunto como algo secundário: passou a ser uma obrigação em direção a sobrevivência das organizações.
* Cosmo Palasio
Consultor e palestrante especialista em Segurança no Trabalho
Consultor e palestrante especialista em Segurança no Trabalho
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