Reinaldo Polito
Quase todas as atividades profissionais exigem comunicação eficiente e desembaraçada. Quem não sabe se comunicar tem suas chances reduzidas para obter sucesso na carreira.
Nem sempre foi assim. Quando comecei como professor dessa matéria, sabe o que algumas pessoas diziam sobre quem falava em público? Isso é coisa de gente metida, vaidosa, que quer aparecer. Principalmente quem falava mal tinha essa opinião.
Com a abertura política do país e a conseqüente abertura econômica, o mundo corporativo teve de se movimentar. Não só os políticos, advogados, professores, religiosos e mais uma ou outra atividade precisavam falar diante de grupos, mas sim profissionais de todas as áreas.
Com a chegada das grandes empresas estrangeiras, especialmente as americanas, falar bem passou a ser sinônimo de lucro. A experiência dessas organizações dizia que o executivo que se expressa bem em público consegue transmitir a mensagem de forma mais clara, mais direta, mais assertiva, mais persuasiva.
A partir daí houve uma verdadeira revolução nos hábitos das organizações. Os executivos que até então saíam da minha escola com o livro de oratória encapado, para que ninguém soubesse que eles estavam fazendo um curso para aprender a falar melhor, passaram a dar destaque a essa preparação em seus currículos.
Houve um caso marcante que foi o divisor de águas na tomada de consciência sobre a importância de o executivo falar bem em público. Esse fato realmente provocou um alvoroço nas corporações.
No comecinho dos anos 1980, Peter Schrer, que era o presidente da Kibon, deu uma entrevista à revista "Exame" dizendo como conseguiu sucesso em sua carreira profissional.
Ele contou que, ao participar de um workshop nos Estados Unidos, promovido pela General Foods, aproveitou para conversar com os psicólogos e fazer uma avaliação das suas competências. Aconselharam-no a procurar profissionais que pudessem ensiná-lo a falar bem em público, pois precisava aprimorar sua comunicação.
De acordo com seu relato, ao retornar ao Brasil optou pelo nosso curso. Revelou à revista que em poucas semanas aprendeu a organizar o raciocínio de forma lógica, estruturada e concatenada, a participar com mais eficiência das reuniões, a falar de improviso, a falar com desenvoltura e desembaraço.
A reação do mercado foi surpreendente. Finalmente um dos mais destacados executivos do país revelava sem constrangimentos em entrevista para uma revista do porte da Exame que freqüentara uma escola para aprender a falar bem.
Pouco tempo depois, Léo Wallace Cochrane Júnior, que era o vice-presidente do Banco Noroeste e presidente da Febraban, deu entrevista semelhante ao jornal "Folha de S.Paulo". Também nesse caso contando, com detalhes, como foi parar na nossa escola.
Esses depoimentos de executivos bem-sucedidos tiveram o mérito de romper com aquele preconceito velado que desmotivava as pessoas a procurar ajuda para aperfeiçoar a comunicação.
Embora a história do aprendizado da arte de falar em público tenha se transformado nos dias de hoje, ainda há pessoas que não atentaram para a importância da boa comunicação oral.
Talvez você mesmo nunca tenha pensado na seriedade deste assunto, mas não há alternativa: para se sair bem em qualquer carreira que tenha abraçado é essencial que saiba falar bem. Trata-se de uma habilidade tão importante que sem ela você não conseguirá valorizar tudo o que aprendeu estudando ou trabalhando.
Vamos imaginar que você ainda esteja estudando e graças a um bom "paitrocínio" consiga se dedicar apenas à vida escolar - se pensa que vai poder ficar com a boquinha fechada o tempo todo, está muito enganado.
Cada vez mais as escolas exigem que os alunos apresentem oralmente seus trabalhos, e, se a comunicação for deficiente, poderá até comprometer a nota de avaliação. Significa que já ao dar os primeiros passos a comunicação tem de funcionar.
Agora vamos supor que já tenha deixado de engatinhar e que esteja procurando um emprego. Piorou! Você vai participar de dinâmicas de grupo, entrevistas e para ter sucesso dependerá essencialmente da boa comunicação.
Ufa! Conseguiu se encaixar no mercado de trabalho, agora é relaxar. Que nada! Quanto mais você crescer na hierarquia da empresa, mais dependerá da eficiência da sua comunicação.
À medida que for se aproximando do topo da pirâmide, mais participará de reuniões, de processos de negociação, fará apresentações de projetos, de planos de trabalho - sempre falando e sendo avaliado pela sua comunicação.
E atenção para esta notícia importante: se não fizer exposições orais de boa qualidade, perderá as posições que conquistou ou, no mínimo, não continuará crescendo.
Enfim, qualquer caminho que tenha escolhido ou venha a escolher sempre dependerá da boa qualidade da comunicação para progredir e se realizar. Mais cedo ou mais tarde, e, com certeza, muito mais cedo do que imagina, você precisará estar com a comunicação bem afiada.
Por isso, não espere mais para aperfeiçoar essa competência tão importante para sua carreia e para sua vida.
Fonte: UOL Carreiras
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