Estresse, fadiga ou Lesão por Esforço Repetitivo (LER) são sintomas comuns nos trabalhadores em educação. Apesar disso, dezenas de casos permanecem desconhecidos por falta de uma pesquisa científica. Identificar a realidade dos professores e funcionários da rede pública estadual de ensino é a proposta do Cpers/Sindicato. Um projeto foi desenvolvido para diagnosticar os principais problemas que afetam a saúde dos servidores.
Desde o último dia 14, a entidade promove uma série de seminários regionalizados no Estado para debater o tema. Em Santa Cruz do Sul, o encontro ocorreu na tarde de quarta-feira, na Câmara de Vereadores. De acordo com o diretor do 18º Núcleo do Cpers/Sindicato, Jânio Weber, o levantamento é necessário, especialmente por se tratar de setor público. "As relações interpessoais interferem no nosso modo de vida."
Segundo ele, a ideia é elaborar uma legislação específica para atender à demanda. "Todos os problemas são vistos de maneira pontual, ou seja, só na hora da perícia", observa Weber, acrescentando que os educadores não têm amparo. Na área do 18º Núcleo, que abrange 15 cidades da região, há registros de afastamento total ou parcial do trabalho e até mesmo de aposentadoria precoce. Com o levantamento, será possível obter esse número exato.
Conforme o assessor jurídico do Cpers/Sindicato, Paulo Cezar Lauxen, o projeto foi implantado em nível estadual e agora vem sendo apresentado em todos os núcleos regionais até o dia 20 de abril. A equipe técnica é multidisciplinar, sendo composta por médico e engenheiro do trabalho e um psicólogo e advogado especialistas em doenças do trabalho. "Trata-se de uma pesquisa validada cientificamente para mapear a categoria, ver qual o maior grau de incidência que afeta professores e funcionários", explica.
Lauxen antecipa que estresse, depressão, LER e Doença Osteomuscular Relacionada ao Trabalho (Dort) estão entre as principais causas de atestados médicos. "O estudo certamente vai apontar isso", ressalta, incluindo também problemas respiratórios e de voz. O assessor afirma ainda que a falta de um levantamento científico impede comprovar se a doença constatada decorre justamente da atividade profissional.
Uma das diretoras do núcleo central e integrante do Coletivo Estadual de Saúde do Cpers, Maira Iara de Farias Ávila, alerta que o assédio moral está entre as principais causas de adoecimento mental. A sobrecarga de trabalho é um dos grandes motivos.
"Eles (servidores) são afastados como doença individual, quando na verdade é coletiva", enfatiza Maira. Os seminários atendem a deliberação aprovada em seminário estadual no fim do ano passado, na Capital. Os questionários serão preenchidos e depois tabulados para terem seus resultados publicados.
Fonte: Gazeta do Sul
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