Para um funcionário das Lojas Renner, não bastava apenas bater as metas de vendas de cartões de crédito do grupo empresarial. Era preciso também cumprir a jornada de trabalho fantasiado, muitas vezes usando chapéu e nariz de palhaço pelos corredores de um shopping da zona sul do Rio.
A cláusula sobre uso obrigatório de fantasia não constava em contrato de trabalho. A captação de novos clientes acontecia fora do estabelecimento. Por medo de perder o emprego, o autor se submeteu à condição vexatória por um determinado período.
Em depoimento, uma das testemunhas confirmou que o vendedor era obrigado a usar chapéu e nariz de palhaço. A testemunha disse ainda que a equipe de vendas sofria humilhações durante as reuniões diárias de trabalho. De forma grosseira, as gerentes da empresa cobravam o resultado dos empregados usando expressões como incompetentes, burros e idiotas.
Para o desembargador Alexandre Agra Belmonte, relator do acórdão, da prova dos autos restou configurado a existência de dois atos ilícitos, causadores de sofrimento, humilhação e apreensão ao autor: a exposição da sua imagem, com o uso de um chapéu de palhaço; e as constantes ofensas de que era alvo pelas gerentes da ré, cobrando metas de forma totalmente descabida.
O vendedor será indenizado em R$ 8 mil por dano moral e assédio moral.
"Entendo assim que o valor de R$ 8 mil como indenização compensatória para os dois atos ilícitos, melhor se amolda ao caso presente, tendo o efeito pedagógico para evitar-se a repetição deste comportamento", concluiu Agra Belmonte.
O assédio moral se caracteriza por ser uma conduta abusiva, de natureza psicológica, que atenta contra a dignidade psíquica, de forma repetitiva e prolongada e que expõe o trabalhador a situações humilhantes e constrangedoras, capazes de causar ofensa à personalidade, à dignidade ou à integridade psíquica, que tenha por efeito a ameaça do seu emprego e deteriorando o ambiente de trabalho.
Fonte: Tribunal Regional do Trabalho 1ª Região Rio de Janeiro
Um comentário:
Há algum tempo atrás recebi um e-mail que iniciava com lindas vitrines de calçados e terminava mostrando condições subumanas de trabalho em fábricas de calçados na Índia. E no Brasil não é diferente. Hoje quando adquirimos produtos ou serviços não imaginamos como são tratados os trabalhadores que se desgastaram para que tivéssemos acesso a estes. Eu mesmo aos treze anos de idade comecei a trabalhar em uma cerâmica em que recebia uma miséria em quanto via o meu patrão ostentar um bom patamar de vida, e aos quatorze anos comecei a trabalhar em uma tecelagem onde a história não foi diferente.
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Um forte abraço
Alex Vigilante
www.alexvigilanterj.blogspot.com
alexcampolindo76@hotmail.com
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