Na mesa de negociação, os dirigentes sindicais usaram fitas pretas em sinal
de respeito aos bancários mortos por conta de doença adquiridas por más
condições do trabalho.
O Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Confederação dos
Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), informou nesta sexta-feira que,
na primeira rodada de negociação da campanha salarial 2013, para discutir o tema
saúde e condições de trabalho, que não será possível haver acordo este ano sem
solucionar o problema das metas abusivas - apontadas por dois terços dos
bancários como o principal problema existente hoje nos bancos.
A reunião foi realizada em São Paulo, na quinta-feira, 8, e os bancos
negaram as reinvindicações da categoria O CNB, observa que os bancos falam muito
em gestão de pessoas, mas o que se vê é apenas a gestão do lucro, o que é muito
diferente.
“As metas abusivas, que incentivam o assédio moral, são as principais
responsáveis pela epidemia de adoecimentos que existe hoje na categoria, pelo
uso crescente de remédios tarja preta, pelo sofrimento e até pelas mortes que já
começam a ocorrer", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e
coordenador do Comando Nacional.
Na mesa de negociação, os dirigentes sindicais, que usaram fitas pretas em
sinal de respeito aos bancários mortos por conta de doença adquiridas por más
condições do trabalho, mostraram os números que revelam a tragédia enfrentada
pela categoria.
O CNB observa que, em 2012, segundo dados dos INSS, 21.144 bancários foram
afastados do trabalho por adoecimento, dos quais 25,7% com estresse, depressão,
síndrome de pânico, transtornos mentais relacionados diretamente ao trabalho.
Outros 27% se afastaram em razão de lesões por esforços repetitivos
(LER/Dort).
E somente nos primeiros três meses deste ano, 4.387 bancários já haviam se
afastado por adoecimento, sendo 25,8% por transtornos mentais e 25,4% por
LER/Dort.
Na recente consulta nacional, 18% dos que responderam declararam ter se
afastado do trabalho por motivos de doença nos 12 meses anteriores e 19%
disseram usar medicação controlada.
E em relação aos problemas de saúde, 66,4% dos bancários responderam na
mesma consulta que as metas abusivas são o mais grave problema enfrentado hoje
pela categoria. Outros 58,2% pedem o combate ao assédio moral, enquanto 27,4%
assinalaram a falta de segurança contra assaltos e sequestros.
Fim das metas abusivas
A proposta sobre metas abusivas apresentada pelo Comando Nacional
estabelece que os bancos devem garantir a participação de todos os seus
trabalhadores na estipulação de metas e respectivos mecanismos de aferição,
sendo obrigatoriamente de caráter coletivo (e não individual) e definidas por
departamentos e agências. Deve-se ainda levar em consideração o porte da
unidade, a região de localização, o número de bancários, a carteira de clientes,
o perfil econômico local, a abordagem e o tempo de execução das tarefas.
Os bancários reivindicam ainda o fim da cobrança diária das metas e que
elas deixem de ser mensais e passem a ser semestrais.
"O problema não é a meta em si, mas a gestão das metas, o que envolve a
organização do trabalho. É preciso que haja um olhar mais coletivo do processo
de trabalho. A gestão atual das metas virou fator de risco para os
trabalhadores", aponta Walcir Previtale, secretário de Saúde do Trabalhador da
Contraf-CUT.
Os negociadores da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), no entanto,
alegaram que as metas seguem orientações técnicas universais para que sejam
eficientes e que não é possível os sindicatos discutirem o modelo de gestão,
pois é estratégico para cada banco.
O Comando ainda denunciou que a cláusula 35ª da Convenção Coletiva de
Trabalho (CCT), que proíbe a exposição do ranking individual dos funcionários,
está sendo descumprida pelos bancos. A Fenaban se comprometeu a verificar a
situação, a fim de que os rankings não sejam mais tornados públicos. (Com
informações do site da Contraf\CUT)
Fonte: Tribuna Hoje
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