Acidentes no trajeto casa-trabalho foram os que mais aumentaram.
Os chamados acidentes de trabalho de trajeto, aqueles que acontecem quando o empregado vai para o local onde trabalha, ou na volta à casa, foram os que mais aumentaram nos últimos quatro anos. Dados do Ministério da Previdência Social (do Anuário Estatístico 2005)) mostram que, de 2001 a 2005, os acidentes de trajeto aumentaram 35,88%. Em 2003, houve 49.642 ocorrências desse tipo; a quantidade aumentou para 60.335 em 2004 e para 67.456 em 2005 (ou 2,55 acidentes para cada mil pessoas).
Os dados da Previdência também mostram que, em 2005, os acidentes de trajeto atingiram principalmente jovens na faixa etária entre 20 e 24 anos, com 13.793 casos. Para efeito de comparação, na faixa etária entre 40 e 44 anos o número de ocorrências foi quase a metade, 6.925. Na faixa etária de 45 anos ou mais, houve 11.279 registros.
Remígio Todeschini, presidente da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), ligada ao Ministério do Trabalho, revelou que cerca de 209 mil vítimas de acidentes de trabalho em 2005 tinham entre 16 e 19 anos.
"A cada ano entram no mercado de trabalho cerca de 1,5 milhão de trabalhadores, em sua grande totalidade jovens com até 29 anos.Normalmente não há uma preparação, uma qualificação mais adequada, pelo fato de os jovens não terem maior experiência profissional nas diversas atividades econômicas", explica Todeschini.
O secretário de Políticas de Previdência Social do Ministério da Previdência, Helmut Schwarzer, diz que tanto o Ministério dos Transportes quanto o das Cidades já estão implementando políticas para melhorar as condições de segurança nas estradas e ruas. Entretanto, ele ressalta que o empregador também deve fazer a sua parte.
"Ele tem que se preocupar também com uma condução mais segura para os seus funcionários e procurar ajudá-los a prevenir esses acidentes de trânsito", disse.
Para o diretor do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Rinaldo Marinho, o aumento dessas ocorrências é conseqüência da violência no trânsito e da violência urbana, já que se considera acidente de trajeto qualquer lesão que o trabalhador sofra no caminho entre sua residência e o local de trabalho, e vice-versa.
"Pode ser um assalto, um acidente com o veículo. A gente tem uma grande dificuldade nas ações do Ministério do Trabalho e Emprego de intervir.
Nossos instrumentos são muito mais adequados para intervir no ambiente da empresa, nos acidentes típicos e nas doenças relacionadas ao trabalho", afirma.
Segundo a Previdência, os estados com mais acidentes de trajeto foram, respectivamente, São Paulo, com 25.494 casos, ou 37,7% do total de casos no Brasil; em seguida vem o estado de Minas Gerais, com 6.499 acidentes e o Rio de Janeiro, com 6.196 casos.
Para Rinaldo Marinho, um caso que chama a atenção na cidade de São Paulo é a dos profissionais motoqueiros, também conhecidos como motoboys. Segundo ele, algumas estatística apontam que todos os dias morre pelo menos um motoboy na maior cidade da América Latina.
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