O governo do estado de Santa Catarina divulgou no início da tarde desta
quarta-feira (25) nota onde afirma que a fumaça do incêndio em depósito com
carga de fertilizante à base de nitrato de amônio, na região do Porto de São
Francisco do Sul, no Litoral Norte, não é tóxica.
A nota informou que,
de acordo com o Código Internacional de Produtos Perigosos da ONU, a substância
é oxidante e não tóxica. Durante toda a manhã, porém, bombeiros informaram que a
fumaça causada por este incêndio, por causa da substância queimada, seria
tóxica.
Ao G1, o professor Nito Angelo Debacher, doutor em Química e
professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), disse que o nitrato
de amônia ao entrar em contato com o calor gera gás amônia, que é tóxico. "Se
tem amônia no gás, com certeza é tóxico. A fumaça estava muito densa. Eu não
recomendaria ninguém a respirar aquilo", disse ele, contrariando a afirmação do
governo de que a fumaça não é tóxica.
A supervisora do Centro de
Informações Toxicológicas, Marlene Zannin, explica que a população deve
permanecer calma e atenta aos sintomas. Segundo ela, a dispersão das substâncias
geradas pela queima do nitrato de amônio, como nitrato de amônia, diafosfato de
amônia e cloreto de potássio, provoca tosse, pele avermelhada, olhos
lacrimejantes e doloridos, além de congestionamento das vias
orais.
Segundo informações passadas pelo Hospital Nossa Senhora das
Graças, em São Francisco do Sul , 115 pessoas foram atendidas com sintomas de
intoxicação, nenhuma em estado grave. Quatro continuavam em observação até as
15h40. Os principais sintomas das pessoas que foram atendidas são irritação na
garganta, nariz e olhos, náusea e vômito.
Consultado pelo G1, o
otorrinolaringologista Gladson Porto Barreto, esclareceu que a fumaça causa
irritação na mucosa. "Se for inalada em quantidade, a fumaça causa queimaduras e
irritação. A intoxicação pode causar insuficiência respiratória", explicou o
médico. Não podendo evitar o contato com a fumaça, a orientação é a utilização
de máscaras.
Segundo o major Losso, do Corpo de Bombeiros, a informação
inicial era de que a substância era nitrato de potássio, porém, ao checar os
documentos da empresa, os bombeiros descobriram que a substância na verdade era
nitrato de amônio. "Conferimos os documentos do importador e percebemos que era
nitrato de amônio. A fumaça não é tóxica, mas causa intoxicação se for inalada
em grandes quantidades", esclarece.
Segundo o Corpo de Bombeiros, foram
deslocados para o local 70 bombeiros militares e voluntários, seis tanques com
10 mil litros de água. O incêndio começou por volta das 23h de terça-feira (24)
na BR-280.
Quem mora nas proximidades, segundo o coronel Oliveira, deve
evitar o contato com a fumaça. "Não é necessário esvaziar a cidade, mas
aconselhamos a população que vive próximo do incêndio a deixar suas casas",
orientou o Coronel.
O local e bairros circunvizinhos (Iperoba, Reta,
Rocio Pequeno e Sandra Regina) precisaram ser evacuados por causa da fumaça.
Paulo Roberto é um dos mais de 42 mil habitantes que teve a rotina afetada pelo
incidente. Sua casa fica cerca de 2 km do armazém. O morador e sua família foram
no início da manhã desta quarta (25) para Joinville, a 22 km de distância, onde
vai ficar na casa de parentes até que "as chamas sejam controladas". Já o
morador David Feliciano da Silva, de 21 anos, foi para Araquari, a 16 km de São
Francisco do Sul.
Segundo informações passadas pelo Governo, cerca de 150
famílias foram retiradas das casas e levadas para a Escola Estadual Professora
Claurinice Vieira Caldeira Forte. As famílias das localidades atingidas pela
fumaça foram levadas para dois abrigos: no Colégio Estadual Santa Catarina e na
sede do Centro de Referência da Assistência Social
(CRAS).
Ventos
Segundo o meteorologista Leandro
Puchalski, pela localização do fogo, a fumaça deve ir no sentido do mar e
acabará passando pelas praias da cidade. O vento na região de São Francisco do
Sul está em direção Oeste/Sudeste.
Fonte: G1
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