Nem todo profissional de destaque se dá bem à frente de um grupo. Mas tudo se aprende.
Por: Diego Maia*
Shutterstock |
Você realmente acreditou no título deste capítulo? Você realmente acha que
todo mundo pode ser líder? Várias pesquisas mostram que mais da metade dos bons
profissionais falha como gestores. Na área de vendas, este número pode chegar à
incrível marca de 90%. É altíssimo e assustador! É bem possível que você conheça
alguém que tenha vivido ou esteja vivendo este tipo de situação. “Querer” não é
sinônimo de “ser” um bom líder.
No mundo dos esportes, é difícil
encontrar um ex-jogador de extremo talento que tenha atingido êxito como
técnico. Dunga até passou algum tempo e ganhou alguns jogos como técnico da
seleção brasileira de futebol, mas será bem difícil que continue sua carreira
como técnico. Na vida profissional, como no esporte, é difícil realmente
encontrar um profissional de campo excepcional que tenha atingido igual brilho
como gestor.
Romário, ídolo da torcida vascaína, começou a treinar o
Vasco mas, com pouco tempo, pediu demissão. Preferiu respirar outros ares. Um
outro exemplo de jogador que se arriscou como técnico foi o Bebeto. Treinou o
América do Rio por menos de um mês e foi substituído pelo seu grande parceiro –
o Baixinho, aqui citado anteriormente.
Todo mundo pode ser
líder
Pelé nunca quis ser técnico; ganha mais e se aborrece
menos emprestando sua imagem para comerciais de TV, rádio e jornal – vende de
sabonete a imóvel. Zico já treinou alguns times – todos no exterior. Como
raramente recebemos alguma informação através da imprensa, deve ser uma
atividade mais voltada à satisfação pessoal do que qualquer outra grande
ambição.
Todos os grandes técnicos do cenário esportivo foram jogadores
medianos (ou até mesmo fracos) ou vieram de outro setor. O grande técnico
Bernardinho é um exemplo disso. Ele mesmo em uma entrevista disse certa vez que:
“Como jogador, acho que fui absolutamente mediano”
Felipão, nome de guerra do grande técnico campeão do mundo Luiz Felipe
Scolari, atuou como zagueiro e era conhecido, veja você, como um jogador “não
habilidoso”. Desde sua época de jogador, mostrava inconscientemente sua
inclinação para posições de liderança, já que, em muitas temporadas, atuou
também como capitão do time.
O mestre Carlos Alberto Parreira sequer
jogou futebol; atuava como um excelente preparador físico, vendo toda aquela
situação por outro ângulo. Diversos exemplos podem ser apresentados, no esporte,
nas artes, na política... Ser um gestor de sucesso não é tarefa simples de se
executar. Quem falou que seria fácil mentiu pra você.
Em algum momento
de nossa vida, em qualquer grupo de atuação (familiar, pessoal, social,
acadêmico e religioso), qualquer pessoa pode, vez ou outra, liderar para atingir
determinado objetivo. No universo corporativo, no entanto, as exigências crescem
a cada dia em paralelo às pressões, demandas, oportunidades,
concorrentes.
Existe o “líder nato”?
Dificilmente
encontraremos líderes natos, similares aos históricos personagens Júlio César,
Alexandre e Napoleão. Os que existem ou estão bem empregados ou estão
empregando. Um profissional que deseja ser líder precisa buscar informação.
Treinar, estudar, conversar com outras pessoas e, principalmente, ficar atento
às demandas e aos estilos dos liderados.
Para quem nasceu com o dom de
liderar, o treinamento potencializa muito mais rápido os resultados. Para quem
não tem, melhora os resultados – mas não na mesma proporção.
Com o
chamado “apagão de talentos”, quase todas as empresas possuem vagas ociosas em
atividades de coordenação, supervisão e gerência. Para preenchê-las, contratam
ou promovem pessoas que ainda não estão prontas. Isto é muito perigoso. Fazendo
analogia com um exército, como um coronel que nunca deu um tiro pode comandar um
batalhão?
Liderança de resultados pressupõe:
• preparo;
•
dedicação;
• experiência, e
• algumas características natas.
O que
vejo acontecer nas muitas empresas que me chamam para palestrar e dar
treinamentos é a formação de talentos. Empresas inteligentes descobriram esta
espécie de “fórmula” para, num futuro próximo, não perder negócios e posições
por conta de uma liderança não desenvolvida.
Definitivamente, vamos
fechar este conceito: nem sempre o melhor músico será um bom maestro. Erram as
empresas que pregam conceitos de meritocracia, premiando com promoções pessoas
determinadas que entregam resultados. Isto não basta. Isto não funciona
mais.
Para ser líder, preciso de um cargo?
Agora,
nem todo líder de sucesso precisa de um cargo. Na história, temos o clássico
exemplo de Gandhi, simples advogado que mudou de religião e depois liderou toda
uma nação contra a dominação inglesa. Na sua história, no seu clube, na sua rua,
na sua família e mesmo na sua empresa, se você procurar bem encontrará um líder
‘sem cargo’ que é seguido por pessoas. A questão central é que um cargo pode ser
‘dado’ a alguém, mas a liderança propriamente dita é conquistada.
Na sua
equipe, pode haver algum colaborador que tenha ascensão sobre os demais, que é
ouvido e respeitado por todos e que não tem nenhum tipo de cargo formal em
gestão. Pode até ser que ele nem queira ser um gestor.
Como você pode
ver, podemos encontrar bons líderes em todos os setores, e isto é desvinculado
do cargo. Então, o que favorece o aparecimento de um líder? Duas das diversas
opções:
• aptidão natural evidenciada;
• grau de exposição ao risco.
Vamos supor que toda uma equipe esteja em um avião, sobrevoando a
Floresta Amazônica, e que neste grupo ninguém tenha o dom para liderar. De
repente, acontece uma pane no motor e a aeronave cai, matando piloto e copiloto.
Os passageiros saem ilesos.
Será que todos ficariam parados no meio da
floresta, esperando chegar um líder para o resgate, ou alguém (não importa quem)
se levantaria e apontaria um caminho?
Este segundo perfil é o desejo de
toda alta gestão. Há de se levar em conta, porém, que o risco do insucesso passa
a ter consequências muito grandes para quem lidera. Imagine se no exemplo do
avião o “líder” apontasse para o precipício?
*Este artigo é um trecho do livro "Como ser um gestor de sucesso", de Diego
Maia, publicado pela Alta Books.
* Diego Maia - Formado pela Fundação Getulio Vargas, é um
dos maiores especialistas em vendas do país e comanda um grupo de empresas no
setor de economia criativa no Rio de Janeiro, como marcas como Centro de
Desenvolvimento do Profissional de Vendas (CDPV), RH Vendas, V3 Agência e OGNI –
Centro de Desenvolvimento Empresarial, entre outras. Autor dos livros Histórias
dos Verdadeiros Campeões de Vendas, Como Formar e Treinar Equipes de Vendas e
Histórias de Corretor, Maia apresenta o programa Mundo Empresarial na rádio MPB
FM (90,3 RJ).
Fonte: administradores.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário