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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Você pode ser líder?

Nem todo profissional de destaque se dá bem à frente de um grupo. Mas tudo se aprende.

Por: Diego Maia*
Shutterstock



Você realmente acreditou no título deste capítulo? Você realmente acha que todo mundo pode ser líder? Várias pesquisas mostram que mais da metade dos bons profissionais falha como gestores. Na área de vendas, este número pode chegar à incrível marca de 90%. É altíssimo e assustador! É bem possível que você conheça alguém que tenha vivido ou esteja vivendo este tipo de situação. “Querer” não é sinônimo de “ser” um bom líder.

No mundo dos esportes, é difícil encontrar um ex-jogador de extremo talento que tenha atingido êxito como técnico. Dunga até passou algum tempo e ganhou alguns jogos como técnico da seleção brasileira de futebol, mas será bem difícil que continue sua carreira como técnico. Na vida profissional, como no esporte, é difícil realmente encontrar um profissional de campo excepcional que tenha atingido igual brilho como gestor.

Romário, ídolo da torcida vascaína, começou a treinar o Vasco mas, com pouco tempo, pediu demissão. Preferiu respirar outros ares. Um outro exemplo de jogador que se arriscou como técnico foi o Bebeto. Treinou o América do Rio por menos de um mês e foi substituído pelo seu grande parceiro – o Baixinho, aqui citado anteriormente. 

Todo mundo pode ser líder

Pelé nunca quis ser técnico; ganha mais e se aborrece menos emprestando sua imagem para comerciais de TV, rádio e jornal – vende de sabonete a imóvel. Zico já treinou alguns times – todos no exterior. Como raramente recebemos alguma informação através da imprensa, deve ser uma atividade mais voltada à satisfação pessoal do que qualquer outra grande ambição. 

Todos os grandes técnicos do cenário esportivo foram jogadores medianos (ou até mesmo fracos) ou vieram de outro setor. O grande técnico Bernardinho é um exemplo disso. Ele mesmo em uma entrevista disse certa vez que: 

“Como jogador, acho que fui absolutamente mediano”

Felipão, nome de guerra do grande técnico campeão do mundo Luiz Felipe Scolari, atuou como zagueiro e era conhecido, veja você, como um jogador “não habilidoso”. Desde sua época de jogador, mostrava inconscientemente sua inclinação para posições de liderança, já que, em muitas temporadas, atuou também como capitão do time.

O mestre Carlos Alberto Parreira sequer jogou futebol; atuava como um excelente preparador físico, vendo toda aquela situação por outro ângulo. Diversos exemplos podem ser apresentados, no esporte, nas artes, na política... Ser um gestor de sucesso não é tarefa simples de se executar. Quem falou que seria fácil mentiu pra você. 

Em algum momento de nossa vida, em qualquer grupo de atuação (familiar, pessoal, social, acadêmico e religioso), qualquer pessoa pode, vez ou outra, liderar para atingir determinado objetivo. No universo corporativo, no entanto, as exigências crescem a cada dia em paralelo às pressões, demandas, oportunidades, concorrentes.

Existe o “líder nato”?

Dificilmente encontraremos líderes natos, similares aos históricos personagens Júlio César, Alexandre e Napoleão. Os que existem ou estão bem empregados ou estão empregando. Um profissional que deseja ser líder precisa buscar informação. Treinar, estudar, conversar com outras pessoas e, principalmente, ficar atento às demandas e aos estilos dos liderados. 

Para quem nasceu com o dom de liderar, o treinamento potencializa muito mais rápido os resultados. Para quem não tem, melhora os resultados – mas não na mesma proporção. 

Com o chamado “apagão de talentos”, quase todas as empresas possuem vagas ociosas em atividades de coordenação, supervisão e gerência. Para preenchê-las, contratam ou promovem pessoas que ainda não estão prontas. Isto é muito perigoso. Fazendo analogia com um exército, como um coronel que nunca deu um tiro pode comandar um batalhão?

Liderança de resultados pressupõe:

• preparo;
• dedicação;
• experiência, e
• algumas características natas. 

O que vejo acontecer nas muitas empresas que me chamam para palestrar e dar treinamentos é a formação de talentos. Empresas inteligentes descobriram esta espécie de “fórmula” para, num futuro próximo, não perder negócios e posições por conta de uma liderança não desenvolvida.

Definitivamente, vamos fechar este conceito: nem sempre o melhor músico será um bom maestro. Erram as empresas que pregam conceitos de meritocracia, premiando com promoções pessoas determinadas que entregam resultados. Isto não basta. Isto não funciona mais.

Para ser líder, preciso de um cargo?

Agora, nem todo líder de sucesso precisa de um cargo. Na história, temos o clássico exemplo de Gandhi, simples advogado que mudou de religião e depois liderou toda uma nação contra a dominação inglesa. Na sua história, no seu clube, na sua rua, na sua família e mesmo na sua empresa, se você procurar bem encontrará um líder ‘sem cargo’ que é seguido por pessoas. A questão central é que um cargo pode ser ‘dado’ a alguém, mas a liderança propriamente dita é conquistada. 

Na sua equipe, pode haver algum colaborador que tenha ascensão sobre os demais, que é ouvido e respeitado por todos e que não tem nenhum tipo de cargo formal em gestão. Pode até ser que ele nem queira ser um gestor. 

Como você pode ver, podemos encontrar bons líderes em todos os setores, e isto é desvinculado do cargo. Então, o que favorece o aparecimento de um líder? Duas das diversas opções:

• aptidão natural evidenciada;
• grau de exposição ao risco. 

Vamos supor que toda uma equipe esteja em um avião, sobrevoando a Floresta Amazônica, e que neste grupo ninguém tenha o dom para liderar. De repente, acontece uma pane no motor e a aeronave cai, matando piloto e copiloto. Os passageiros saem ilesos. 

Será que todos ficariam parados no meio da floresta, esperando chegar um líder para o resgate, ou alguém (não importa quem) se levantaria e apontaria um caminho?

Este segundo perfil é o desejo de toda alta gestão. Há de se levar em conta, porém, que o risco do insucesso passa a ter consequências muito grandes para quem lidera. Imagine se no exemplo do avião o “líder” apontasse para o precipício?

*Este artigo é um trecho do livro "Como ser um gestor de sucesso", de Diego Maia, publicado pela Alta Books.

* Diego MaiaFormado pela Fundação Getulio Vargas, é um dos maiores especialistas em vendas do país e comanda um grupo de empresas no setor de economia criativa no Rio de Janeiro, como marcas como Centro de Desenvolvimento do Profissional de Vendas (CDPV), RH Vendas, V3 Agência e OGNI – Centro de Desenvolvimento Empresarial, entre outras. Autor dos livros Histórias dos Verdadeiros Campeões de Vendas, Como Formar e Treinar Equipes de Vendas e Histórias de Corretor, Maia apresenta o programa Mundo Empresarial na rádio MPB FM (90,3 RJ).
Fonte: administradores.com.br

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